quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Insônia

A noite é tão sozinha, como a ausencia ao seu lado.
Acostumado, sinto-me bem assim.
Inspirado pelo silencio tão bem acentuado.
Oh, como vaste tu, lua.
Iluminando pelo seu reflexo, não pelo seu brilho.
Se há de nascer esta madrugada algo,
Que seja a incerteza do sol.
Admirai as noites.
Perdidas.
Esquecidas.
Não utilizaveis para compra.
Ha se pudessem ja a teriam tirado.
Oh sono que abala seus admiradores.
Admiração pela importancia que,
A escuridão, dá a suas poucas testemunhas.
Como enoja-me pensar que o meio ha de querer mudar.
A noite.
O mundo.
Eu.
Inefavel a minha maneira.
Julgavel a sua.
Destroçado ao amanhecer.

Porção para dois

Solidão.
O dedo aprateado não valida.
A mente acomodada só conspira.
A Insegurança paira.
A arte como arte não existe.
O fato e renome persistem.
O lazer se torna laser.
O ócio é de lamentos.
Os lamentos são de falta de ócio.
Ó saudade de minha terra.
Terra que habitava meus sonhos.
Sonhos que eclodem na hipocrisia de teu véu.
Manto suburbano que resiste à chuva de lágrimas.
Ó saudade de meu tempo.
Tempo onde a paz fazia um ser melhor.
A razão dignificava, mesmo que somente em si própria.
Onde a culpa a nada pertencia.
Onde a saudade ja residia.
E a angustia heptal e rotineira nem existia.
Textos estes que hão de morrer ocultos.
Silenciados pelo endereço nem recordado.
Tristezas somente viventes na mente que transcreve.
Ó saudades da vida.
Vida que morre quando pensa em vive-la.
Calcula-se.
Planeja.
O relógio ja não da conta do mundo.
A calculadora ajuda.
O calculador ri.
O relojoeiro sua.
Sua até suas lagrimas cairem da testa.
Sua até seu corpo dissidente não mais a produzir.
Produz até seu chefe mandar.
Seu chefe ri.
Seu coração chora perdido nas lembranças.
O choro lembra da perda.
Da perda que recria e finda na constância.
Na agonia.
No cansaço.
Da paciência só resta a pena.
Do tinteiro só resta a dó.
Do piano só resta o pé.
Do andarilho não resta nada.
As células desgastam-se.
A história percorre.
A vida esvairece inconsciente.
Quando consentir, foi-se.
A gramática apenas explica.
A dor apenas escreve.
O artista desfalece.

Noite Cartesiana

Ir.
Não ir.
A mente reluta em aceitar a comodidade,
as regras, o padrão, a rotina.
Não! Não vou! - afirmo serenamente.
O dia está tão perfeito, o ir findará tristemente o nascer pulsante do sol que me alegrou.
Seguindo a negação, caminho ao banho.
Enquanto firmo a decisão, um banho não será perdido.
A cada novo pulso neural, menos motivos pra ir tenho.
Mas o tic tac das regras me destrói,
distitui minha razão.
O que há de ser a mulher senão, em presença, a paz do desejo e a imobilidade da razão
e em saudade, o equilibrio da mente e o desespero do querer.
Meu ser não se faz mais só por mim.
O medo de magoar.
O receio de trair a constante.
Fecho o registro e pego a toalha. Percebo.
Eu estou indo.
Eu ja fui.
Meu corpo apenas está indo atras da mente que lá está a esperar-me.
Conformo-me na inconformidade de ir.
Aceito.
Não quero.
Ja decidi quando optei por pensar em tal escolha.
Uma Agonia desespera-se em mim.
O carro liga.
Nos faróis opostos vejo a causalidade a que me fado.
A negação de meus atos.
A negação de mim.
Ha poucos metros da chegada. Percebo.
Meu corpo finaliza-se aqui.
Sem volta.
Sem escolha.
E a mente?
A mente adormece la em casa.
O animal chegou atras do que não mais reside.
Mas.
O Animal chegou.