quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Noite Cartesiana

Ir.
Não ir.
A mente reluta em aceitar a comodidade,
as regras, o padrão, a rotina.
Não! Não vou! - afirmo serenamente.
O dia está tão perfeito, o ir findará tristemente o nascer pulsante do sol que me alegrou.
Seguindo a negação, caminho ao banho.
Enquanto firmo a decisão, um banho não será perdido.
A cada novo pulso neural, menos motivos pra ir tenho.
Mas o tic tac das regras me destrói,
distitui minha razão.
O que há de ser a mulher senão, em presença, a paz do desejo e a imobilidade da razão
e em saudade, o equilibrio da mente e o desespero do querer.
Meu ser não se faz mais só por mim.
O medo de magoar.
O receio de trair a constante.
Fecho o registro e pego a toalha. Percebo.
Eu estou indo.
Eu ja fui.
Meu corpo apenas está indo atras da mente que lá está a esperar-me.
Conformo-me na inconformidade de ir.
Aceito.
Não quero.
Ja decidi quando optei por pensar em tal escolha.
Uma Agonia desespera-se em mim.
O carro liga.
Nos faróis opostos vejo a causalidade a que me fado.
A negação de meus atos.
A negação de mim.
Ha poucos metros da chegada. Percebo.
Meu corpo finaliza-se aqui.
Sem volta.
Sem escolha.
E a mente?
A mente adormece la em casa.
O animal chegou atras do que não mais reside.
Mas.
O Animal chegou.

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