quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Porção para dois

Solidão.
O dedo aprateado não valida.
A mente acomodada só conspira.
A Insegurança paira.
A arte como arte não existe.
O fato e renome persistem.
O lazer se torna laser.
O ócio é de lamentos.
Os lamentos são de falta de ócio.
Ó saudade de minha terra.
Terra que habitava meus sonhos.
Sonhos que eclodem na hipocrisia de teu véu.
Manto suburbano que resiste à chuva de lágrimas.
Ó saudade de meu tempo.
Tempo onde a paz fazia um ser melhor.
A razão dignificava, mesmo que somente em si própria.
Onde a culpa a nada pertencia.
Onde a saudade ja residia.
E a angustia heptal e rotineira nem existia.
Textos estes que hão de morrer ocultos.
Silenciados pelo endereço nem recordado.
Tristezas somente viventes na mente que transcreve.
Ó saudades da vida.
Vida que morre quando pensa em vive-la.
Calcula-se.
Planeja.
O relógio ja não da conta do mundo.
A calculadora ajuda.
O calculador ri.
O relojoeiro sua.
Sua até suas lagrimas cairem da testa.
Sua até seu corpo dissidente não mais a produzir.
Produz até seu chefe mandar.
Seu chefe ri.
Seu coração chora perdido nas lembranças.
O choro lembra da perda.
Da perda que recria e finda na constância.
Na agonia.
No cansaço.
Da paciência só resta a pena.
Do tinteiro só resta a dó.
Do piano só resta o pé.
Do andarilho não resta nada.
As células desgastam-se.
A história percorre.
A vida esvairece inconsciente.
Quando consentir, foi-se.
A gramática apenas explica.
A dor apenas escreve.
O artista desfalece.

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