sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

rEVOLUÇÂO de quem?

Um Jovem caminhava pelas ruas estreitas da velha cidade.
Buscava a esmo o que de longe persegue, a cura de sua fome.
Fome pela vida que tantos comentam.
A indústria ficava próxima, tinha certeza.
Tinha muitas certezas, sem muita intuição urbana.
No campo sabia, apenas por saber, quando a seca ou a chuva se aproximava.
Aprendera a saber com os antigos.
Viera à cidade aprender a ter o que tão se anunciava.
O Conhecimento.
A Era das Luzes o cercava.
A Curiosidade o atiçava.
E a vida rural, muito o impedia e limitava.
Fora.
À chegar tudo era de impressionar.
Das edificações aos transeuntes.
Das rochas aos homens.
Do sol à neblina moderna.
Buscava o endereço lhe recomendado.
Estariam por dar-lhe a oportunidade.
Faria de seu tempo e braço mais riqueza que seu campo lhe trouxera à gerações.
Continuava a vagar.
Perdidos nos caminhos nomeados.
Decidiu por questionar quem passava.
Um senhor de óculos e vários papéis lhe dera atenção, sem descuidar os olhos dos seus trajes sujos.
- Sim, conheço. Ande três quadras e vire a esquerda. Sem Erro.
Agradeceu e seguiu.
Fez de seu percursso exato e parou diante de uma placa.
RUA SEM SAÍDA.
Estranhou e voltou ao local do homem de óculos.
Este sumira, parecia apressado mesmo.
Encontrara outro.
Agachado, olhando o chão.
Aproximou-se e questionou sobre o que fazia.
- Estou a observar a vida. Veja como sabem por onde ir essas formigas.
Vira muitas formigas.
Todas sabiam por onde ir e voltar.
Menos ele.
Questionou o local.
Sem olhá-lo, fora respondido.
- Siga essa rua até o fim, há de encontrar. Muitos homens estão a ir para la. Siga-os.
Agradeceu e fora caminhando enquanto o homem permanecia abaixado, como se nunca fora questionado.
Permaneceu no percurso.
O Sol quase surgia.
Logo viu muitos homens.
Caminhou para o mesmo sentido destes.
Perguntava a eles se iam para tal local.
Sem Respostas.
Apenas olhares.
De estranhamento ou repulsa.
Persistiu em segui-los.
As vezes questionava a um ou outro.
Mesma reação.
Vira um senhor numa calçada próxima.
Fora pedir-lhe mais informações.
- São estrangeiros. Não falam nosso idioma. Trabalham muito por muito pouco. Não falam. Se falam, não são ouvidos ou entendidos. Melhor assim. Não querem que sejam entendidos, Apenas que trabalhem. Mas você nao vai para o mesmo lugar que eles. Estes seguem para metalurgicas, Você para outro lugar. Encontrar é facil. Siga seu nariz e por fim seus olhos. Estes revelarão a ti sua busca.
Sem muito entender.
Agradeceu e seguiu a parte que entendeu.
O cheiro era realmente forte e vinha com uma nuvem do lado leste.
Tamanha crescente olfativa, cambaleava as vezes.
Os olhos ardiam e ver tornava-se torturoso.
A visão por fim lhe revelou uma edificação.
À porta fora chamado aos gritos.
Os ouvidos despertavam enquanto o nariz e olhos dormiam.
A boca temia abrir-se e deixar esse mundo entrar-lhe no amargo da lingua.
A fumaça impedia a claridade do som.
Seguiu.
Chegou.
Ouviu.
- Atrasado! Não dormirá esta noite! Vá para a máquina 5!
Perguntou se era a ele mesmo a quem se dirigia.
Confirmado com um puxão para dentro.
- Máquina 5! Vai!
Caminhou na escuridão, opositora ao sol que se levantava do lado de fora.
Janelas eram elogios.
Aberturas permitiam o luar da noite anterior entrar.
Criaturas intercalavam-se entre as máquinas.
Homens?
Questionavam-se sobre isso.
Pequenas criaturinhas auxiliavam-os.
Alguns tinham calças
Outros saias.
Mesma cor.
Mesmo rosto.
Falavam menos que os estrangeiros.
Sorriam menos que o homem da porta.
A máquina 5 estava à sua espera.
Sorriu para ele e acariciou sua cara com o sangue do braço triturado de um operador.
Ria dele.
Cobiçava seu braço.
Seu corpo.
Sua alma ja lhe pertencia.
Apertava as engrenagens.
Lubrificava as correias com suor e graxa.
Muitos caiam de fome e fraquezas.
Os Arrastavam a um canto com resmungos.
Os Bípedes tinham de compensá-los.
Trabalho.
Mais Trabalho.
Doze horas passaram como quinze existências.
Saiam em fila única.
Não eram obrigados a isso, mas o faziam.
Eram apenas um numa fila.
Seres destroçados pela graxa.
Não mais homens, mulheres e crianças.
Apenas Operários.
Filhotes ou não.
Foram recompensados.
Ganhavam pedaços de pão pela dedicação.
E a promessa de mais dentro de poucas horas.
O rapaz viu que sua calça e camisa transformaram-se.
Era apenas um macacão cinza agora.
Fora seguindo a fila à cidade.
Silêncio.
O Sol caminhava a findar-se.
Sua alma e vontade tambem.
Fugiu.
Resolveu voltar para seu campo.
Olhou em seus bolsos e estes estavam vazios.
A máquina 5 tirou-lhe tudo.
Estava por tragar-lhe se voltasse a vê-la.
Correu.
Com as pernas cansadas dele mesmo.
Passou pelo homem de óculos, do senhor agachado e do ultimo que lhe indicou o cheiro.
Pegou o caminho para o campo.
Limpou a graxa do rosto.
Recuperou seu nome e roupa.
Sua alma manteria-se como se o braço estivesse destroçado pela 5, mas caminhava a uma cicatrização.
Voltava à pobreza.
A pobreza que mais riqueza lhe traria.
Embora a colheita tenha problemas e a mecanização camponesa seja uma competidora complicada.
Sabia, que la era Homem.
Tinha, o que era-lhe necessário.
Embora não possuisse as luzes do homem de óculos, do senhor agachado ou do indicador do cheiro, tinha a profundidade da vida.
Era uma formiga.
Na luz não sabia caminhar, pois para tal, era necessário viver apenas um caminho.
Seja o caminho de 3 quadras e depois virar.
Seja o de seguir os estrangeiros.
Seja o de seguir a fumaça da fábrica.
A exatidão dos números não se encaixava à exatidão dos sonhos.
Ruas sempre poderão ter seu acesso restrito.
A Vida é separada em espécies e não mais estudada em sua união e essência.
O homem de fora distância-se de seu interior, criando uma especiação com comunicação distintas e incompreensíveis.
Tudo resultará da divisão dos sentidos.
Os Olhos.
O Nariz.
O Ouvido.
Unidos no mundo por uma fumaça.
Separados pelo Saber das Luzes.
Especializando homens a cada parte humana e mundana.
Alguns apenas saberão guiar.
Outros olhar a vida como só presente no chão.
Ou em nossa nação.
Ou só naqueles que não usam macacão.
Mesmo, em todos, circulando o tom vermelho-sangue, alguns terão de perdê-lo para que outros achem que os seus seja Azul.
- A servidão feudal camponesa pela industrial burguesa.
Lamentava o rapaz.
Açoitado pela máquina 5 no dia seguinte.
Pois correu.
Correu para a terceira quadra e nela havia a fábrica.
Trazido, para dentro.
Arrastado, para fora e la à ficar.
Jogado, na vala.
Pensando no quão rápido um sonho pode prender-se á máquina e dela tornar-se dependente.
Correu, mas para a maquina 5!
Seu espirito não sabia mais viver sem ela.
Esquecera-se do antes e do sonho.
Restou apenas o macacão cheio de graxa.
Eis a Era das Luzes.
Que agora apagam-se em seu olhar.

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