segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Mais um Hábito

Oh formiga.
Pobre formiguinha.
O que fizeste senão caminhar sob meu olhar.
O dedo feroz e instintivo atravessou o pensamento e pousou.
Sem barulho.
Sem oferecer resistência.
Deixou de ser.
Sob o dedo que pode senti-la.
Tal qual não caminhasse no móvel.
Nem se contorcia.
O remorso era inevitavel.
Eu que deixei o dedo por si só o fiz por estar felicitado na emoção.
A mente ao longe, no coração da adorada, abandonei o corpo.
O corpo age e mata.
Enquanto alegrava-me com o amor, matava desnecessáriamente.
Matava porque o espaço era meu.
Matava apenas porque podia faze-lo.
Não devia.
Fiz.
Enquanto animava-me o relacionamento tirava-o de alguma formiga.
Talvez em algum lugar seu conjuge ou parente há de lamentar.
Mesmo que não seja o que consideremos lamentar.
Sua ausência há de existir.
Seja quem for.
Ao contrário dos homens.
Logo mais surgiram outras formigas no local.
Talvez procurando a que matei.
Talvez terminando o trabalho desta.
Andavam desordenadamente
Procurando o que tardia em voltar.

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