segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Morte

Estou morto.
A ausência de vida é estar preso por quatro paredes.
Paredes de um límpido azulejo claro.
Sorriem.
Riem.
Debocham da solidão do encarcerado.
Angústia não lhe faltam.
Lembranças insípidas.
Pessoas não são pessoas.
Nem são visíveis a memória.
Pesa o querer sentir algo.
Nada.
É isso que é e isso que sente.
Seríamos unicamente o que sentimos?
Pensar seria um sensibilidade?
Triste do homem que não distingue suas recordações.
Tristeza maior àquele que não acredita possuí-las,
Numa sensação de ilusão na existência de um passado e de outros.
Somente as paredes azulejadas.
Lembranças seriam necessariamente verdades?
Ja pensou-se tanto sobre algo que confundiu-se?
Um pensamento tornou-se uma lembrança irreal?
A memória não seria uma crença mental?
No fim, tornariamos, ou melhor, torno ao claustro claro.
Não há ninguém.
Nunca houve.
A edificação sorri.
O vazio chega.
A Angústia afasta o ar dos pulmões.
Pior que perder-se na solidão é perceber que isso pode ter sido assim sempre.
O mudou?
Decepção?
Decepcionar-se é comer da maçã das oportunidades,
Sentindo o aroma e textura do sucesso,
Porém o gosto é de fracasso.
É diferente.
Não há maçã.
Eu a sou.
E a boca que alimenta.
No desespero da oni e impotencia,
Surge um outro índice.
A percepção dessa fruta que todos acreditamos comer e viver,
Ser apenas um pedaço ínfimo de uma grandiosa árvore.
Eis um alívio.
A solidão ja não é tão evidente.
A visão da grandiosa é doce o suficiente pra tirar sua autofágica sensação.
Isso.
Tenho a árvore e pessoas.
Sonhos e ideologias.
A fé se sustenta como imanente ao ser humano.
A sua existência tida como algo cultural perde-se.
Parece-me naturalmente sensível os olhos da crença.
Seja a inefável amplitude do além ou a sociedade que cria habitar,
Todas são mais do que si próprias.
São a mim.
Sou tudo.
A onipresença se faz no peso que cedo-lhes.
Quando se tem algo a segurar-se a dor torna-se simples.
Deus?
Chamaria-o de pessoas.
Minhas pessoas.
Minha arte.
Meus amores.
Minha saudade é a minha fé.
Lágrimas tornam-se a oração diária.

Na amarga situação,
Reconceitualizo o Amor.
Não haveria este de ser um sentimento,
Senão uma intenção.
Sinto Saudades com Amor.
Penso com Amor.
Não deve ser utilizado em forma verbal.
Não há.
Nào se Ama.
Realiza-se a vida com esta motivação.
O que seria o Amor senão uma crença?
Doar importância superior a simples idéias, seres ou momentos.
Como a grandiosa visão inefável além-vida,
Trouxe-me apaziguamento à dor do ser só.
O Amor traz a significância à tudo.
Se fosse sentimento seria algo passageiro e indurável.
Embora nossos deuses não sejam eternos,
Raramente nos aceitaremos como sós.
Tenha eu criado a árvore ou passivamente vislumbrado,
Dúvidas não faltarão.
Mas me parece imanente do ser a fé, por mais cultural que possa ser atribuido.
Seja para criar recordações que não sejam.
Ou Pessoas que não são.
A consciência tem o vão de ler.
O que cria e a criação.
E faz-me lembrar
Que morri.


essa parte separada foi minha tentativa de recordar o texto originall que foi perdido para sempre. Sinto muito. Minha melhor criação, de longe, para sempre esquecida, ate de minha pérfida memória. Engraçado pensar nisso. Grandiosamente triste para sentir. Lamento ao mundo e toda a humanidade perder uma digna obra de Deus. Nunca mais me esquecerei que perdi a minha vida essa noite. Perdi minha obra prima.


No vislumbrar da árvore e recordaçôes.
Dúvidas hão de surgir aos milhares.
Haveriam de existir ou seriam ilusão minha?

AMOR
lembro, sinto e penso
escolhas e tradiçoes.


Termino este texto magestosamente.
De forma perfeita.
Perde-se.
Apenas lembro em minha orações que tendem a se manifestarem.
A recordação de a solidão

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