terça-feira, 2 de agosto de 2011

Copiado por G. H. U. M.

Escrevo porquê tenho que retratar esta realidade antes que até isso se perca.
Não há de ser nenhum mistério para todos, assim acredito, a durabilidade dos seres, e neste excerto vou me ater à um em específico, o Humano.
Também há de estar no senso comum a perpetuação e o esquecimento do passado como memória. E nessa memória reside todas nossas pretensões de futuro. Temos de ser cuidadosos com as recordações e não só perpetuá-las por nós mesmos mas pelos que virão. Emos que pensar que futuro desejamos e perpetuar o passado necessário para isso, assim como nos foi dado as memórias suficientes para assim sermos e desejarmos sê-lo.
Nossa manutenção do passado há de ser fundamental não só ao futuro próximo como à todo o devir, sejam, nossas memórias salvas ou não para além de nossa existência.
Triste pensarmos o que o tempo engoliu e nos tirou o prazer ou o desgosto de saborear. Quantos foram os textos, poemas, pinturas, músicas, idéias que este mundo produziu e viu apagar-se com seus maestros. E quantos ainda serão, mesmo que para além destes tenha durado.
Alguns se salvaram para além do tempo do seu criador, é verdade, mas o que foi senão um vislumbre de um tempo, uma realidade, que não só foram sentidas pelo autor, mas filtradas por seu ser. E o que haveria de ser este senão um condicionado pela memória e as necessidades de seu mundo?
Por trás dos nomes que chegam até nós pelo tempo coletivamente psicológico, há de residir silêncios; muitos mais silêncios que vozes à ouvir ou imaginar. Vozes que são mudas, apenas ecoando pelas bocas de outrem. Outrem que vivem com tais lembranças e decidiu perpetua-las; como foste-lhe importante achou válido dar-lhe a chance de poder ser assim aos que virão.
Mas a vida é muito pouca para manter, sejam as lembranças acumuladas de um passado externo ou de uma vivência própria.
Se nos é dado uma vida para viver, seriam necessárias muitas outras para lembrar e tantas mais para contar; em palavras, em figuras, pinturas, sons.
Ainda mais se temos que nos ater, grande parte desta, a compreender como o externo está e é. Sem mencionar o nosso papel nessas articulações e movimentos todos, sem, é claro, deixarmos de nos mover.
Uma vida não basta. Embora a minha se pareça eterna, pois a consciência desta está atrelada às minhas memórias e elas, por mais que remetam ao que chamam de pouco mais de vinte anos, me parece uma totalidade inefável. E desta forma, creio, – e assim faço real – que será. Eterna. O devir, por mais que me entristeça, machuque, destrua...me apague, serei eterno em minha consciência, que, por fim, me fazem acreditar – e dessa forma torna-se real – morrerá comigo.

Copiado¹ por G. H. U. M.



Notas:
1 – Numa realidade em que tudo que um ser cria, por mais externo que seja, como um livro, um quadro, uma sinfonia; desaparece do mundo com a morte deste. Um mundo que só pode ser preservado se for copiado por outras mãos e então perpetuado junto à vivência do novo amo. Um mundo de idéias, produções e lembranças tão efêmeras que a vida tenta se equilibrar no passado e no futuro; No que deve ser salvo e que se pode dar de novo. Em que tempo, por mais individual que seja percebido, condena à todos a posicionaram-se em relação à ele e a sua própria existência, e claro, à tudo que derivou esta.

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