Escrevo porquê tenho que retratar esta realidade antes que até isso se perca.
Não há de ser nenhum mistério para todos, assim acredito, a durabilidade dos seres, e neste excerto vou me ater à um em específico, o Humano.
Também há de estar no senso comum a perpetuação e o esquecimento do passado como memória. E nessa memória reside todas nossas pretensões de futuro. Temos de ser cuidadosos com as recordações e não só perpetuá-las por nós mesmos mas pelos que virão. Emos que pensar que futuro desejamos e perpetuar o passado necessário para isso, assim como nos foi dado as memórias suficientes para assim sermos e desejarmos sê-lo.
Nossa manutenção do passado há de ser fundamental não só ao futuro próximo como à todo o devir, sejam, nossas memórias salvas ou não para além de nossa existência.
Triste pensarmos o que o tempo engoliu e nos tirou o prazer ou o desgosto de saborear. Quantos foram os textos, poemas, pinturas, músicas, idéias que este mundo produziu e viu apagar-se com seus maestros. E quantos ainda serão, mesmo que para além destes tenha durado.
Alguns se salvaram para além do tempo do seu criador, é verdade, mas o que foi senão um vislumbre de um tempo, uma realidade, que não só foram sentidas pelo autor, mas filtradas por seu ser. E o que haveria de ser este senão um condicionado pela memória e as necessidades de seu mundo?
Por trás dos nomes que chegam até nós pelo tempo coletivamente psicológico, há de residir silêncios; muitos mais silêncios que vozes à ouvir ou imaginar. Vozes que são mudas, apenas ecoando pelas bocas de outrem. Outrem que vivem com tais lembranças e decidiu perpetua-las; como foste-lhe importante achou válido dar-lhe a chance de poder ser assim aos que virão.
Mas a vida é muito pouca para manter, sejam as lembranças acumuladas de um passado externo ou de uma vivência própria.
Se nos é dado uma vida para viver, seriam necessárias muitas outras para lembrar e tantas mais para contar; em palavras, em figuras, pinturas, sons.
Ainda mais se temos que nos ater, grande parte desta, a compreender como o externo está e é. Sem mencionar o nosso papel nessas articulações e movimentos todos, sem, é claro, deixarmos de nos mover.
Uma vida não basta. Embora a minha se pareça eterna, pois a consciência desta está atrelada às minhas memórias e elas, por mais que remetam ao que chamam de pouco mais de vinte anos, me parece uma totalidade inefável. E desta forma, creio, – e assim faço real – que será. Eterna. O devir, por mais que me entristeça, machuque, destrua...me apague, serei eterno em minha consciência, que, por fim, me fazem acreditar – e dessa forma torna-se real – morrerá comigo.
Copiado¹ por G. H. U. M.
Notas:
1 – Numa realidade em que tudo que um ser cria, por mais externo que seja, como um livro, um quadro, uma sinfonia; desaparece do mundo com a morte deste. Um mundo que só pode ser preservado se for copiado por outras mãos e então perpetuado junto à vivência do novo amo. Um mundo de idéias, produções e lembranças tão efêmeras que a vida tenta se equilibrar no passado e no futuro; No que deve ser salvo e que se pode dar de novo. Em que tempo, por mais individual que seja percebido, condena à todos a posicionaram-se em relação à ele e a sua própria existência, e claro, à tudo que derivou esta.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
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