segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Lembranças de onde nunca se esteve

O que hão de sentir os jovens poetas d'outra era
Pois nem mesmo os de meu presente eu saberia dizer
O que há de residir no espírito jovem daqueles que cantam
Se não sequer suas vozes eu posso ouvir
O que há de alimentar os seus desejos de se expressarem
Se nem ao menos o silêncio possui a ausência que o faz

No ar, há de vivificar um grito mudo de um peito angustiado
Angústia de um tempo que nunca foi
Nunca é.
Senão na idéia do autor.
Idéia que livre nunca foi
Até seu nascer está intricadamente preso às garras do viver.
Garras que rasgam,
debocham,
Sangram!
Da mesma maneira que a corda de um violoncelo que se parte.
O que pressiona não se rompe.
O que se rompe?
O que rompe o silêncio sem ao menos romper o conceito?
O pensamento.
Este surge na forma que lhe foi doutrinado.
Seja em melodia, cores, gostos ou meras letras que fazem algum sentido para si próprio.
Sentido que deixa de existir na sua própria formulação.
O que há de ser o sentido natural das coisas senão uma anacronia?
O pensar surge após este mesmo como um auto-rótulo.
Auto-o-suficiente para acreditar que pode ser pelos outros.
Ser mesmo por aqueles que não são...
Ser principalmente para aqueles...
Não há como angustiar,
Num mundo de experiências,
As memórias daquilo que nunca foi.
Daquilo que nunca é.
Senão nas próprias memórias dele mesmo.

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