segunda-feira, 9 de julho de 2012

Méishíme shí, wo shí - Nihil est, solus sum

Reside no oriente.
Pouca dúvida resta.
Tenta-se,
Torce-se,
Retrai-se,
Foge-se.
Mas cai justamente d'onde saíra.
Educa-se o homem à algo e a isto sempre será.
Será?
Não sei.
Não faz parte do jogo saber.
Afirmar-se talvez.
Sobre o que viveu-se ou vive-se.
Como hei de negar a mais forte, doce e velha lembrança d'um eu.
Algo que permeia as mais vastas esferas do eu d'hoje.
Sementes ocultas flagelam o amanhã.
Repousa no manto do velho as lágrimas d'uma vida feita.
Reside no coração dele os anseios do que fora,
mas principalmente do que não o fez.
De quem perdeu e da impossibilidade d'algo.
Pobre homem do oeste.
Criou-se para o oriente e no fim
Nunca foi daqui.
Nunca foi de lá.
Lamenta como um desgarrido de si mesmo.
Um anacrônico em si próprio.
Desenraizou-se para buscar raízes que o confortassem.
Nunca existiram, senão na mente que assim achava.
Foi-se feliz em si.
Só em si.
Bastava uma brisa do mundo tocar-lhe para perder-se.
Despertenceu de tudo que há para justamente sentir-se integrado.
O quanto fizeste?
O quanto valeste?
Só recordam-se os mantos, os vales e as flores.
Enfim descansa o velho monge.
Nunca o foi.
Nunca ansiou verdadeiramente sê-lo.
Mas o fora mais do que muitos que o são.
A liturgia lhe fugia aos dedos e às palavras.
Mas seu espírito, em seu ínfimo, nunca deixou de sê-lo.
O fora exatamente para não lhe obrigarem a ser.
Só queria a paz d'uma vida onde pudesse ser por si.
Mesmo não acreditando mais no eu de forma pura,
Sentia existir como uma intersecção dos mundos.
Já se cansara o velho espírito deste e daqueles.
O silêncio de si era o mais doce som que sua vida podia soprar.
A brisa que acalenta as manhãs e o sol que traz a nova chance.
Aquele que deixa para ter.
Tristes são as situações da vida humana que faz da exclusão o melhor meio para integrar-se.
Mas no fim,
Retorna ao que lhe parecia seguro.
Um passado onde o todo não lhe feria.
Ele era o todo.
E lembra-se que acreditava ainda que seu coração pertencia ao oriente.
O mais distante de tudo aquilo que vivia.
O mais distante de tudo aquilo que podia conhecer.
Um retorno, uma fuga, diretamente pra si mesmo.
Para um lugar de onde nunca fora,
De um lugar para onde acreditava ser.
Nunca foi.
Apenas era.
没什么是,
我是

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