sábado, 7 de julho de 2012

Nihil ut est, Ego ita uolo non esse.


O dia perde a suspense e o mistério da madrugada.
A criança perdeu-se ao querer desbrava-la e já não são.
O pernoitar virou uma prática e a pueril tornou-se recordação.
Grande parte do valor estava justamente em não poder.
Em aspirar um dia conseguir e quando o faz, a assassina no segundo copo de champagne.
Não, não posso ficar.
Deixe-me ir.
Aqui mais me fere do que acalenta.
Está marcada de lembranças que me ferem por passado serem.
Ah, como a amei.
Como fiz de minha vida uma sacerdotisa sua.
Deu-me tanto.
Fez-me assim.
E agora tornam-mo-nos tão hostis.
Não, realmente não posso aturar sua existência.
Deixe-me dormir,
Pois o tempo me machuca menos lá.
Pode ser que o sonhar me insurdeça lembrando-ti
E ainda me fazer acordar, como agora, em seu maior glamour.
Pode ser, pode ser.
Mas o pouco que me resta vale a chance de arriscar-lhe.
Quem sabe o descuido lhe acometa e me desperte quando tu não mais fores.
Quem sabe uma sorte me toque e o despertar se dê quando eu assim não o for.
Quem sabe,
eu,
não desperte,
E você,
fique pra sempre perdida,
ou então,
apenas isso lhe peço,
que seu se perder,
não seja-me um eterno sonhar,
e me amaldiçoe no sono sem fim de ti.
Este seu quase-tocar arranca-me a alma e o seu fim não há de tão sofrível ser se,
ao menos nele,
dar-me o silêncio do tempo e tirar-me,
d'uma vez por todas,
o som teu que tanto ecoa em mim.
Que tanto faz ferir esse madrugar inusitado.
Que não mais carrega o enigma infantil,
nem a doçura do teu olhar.
Joga-me nu perante eu mesmo e triste é ver as rugas em tal jovialidade.
Rugas do tempo.
Rugas do vento.
Rugas da vida que tanto lamento.
Triste é ter as mãos fadadas ao tocar-lhe as lembranças
e fazer, a contragosto, um presente que não passa.
Nem vive,
Nem morre,
Apenas é numa insonia constante.
Que até já existe fora do ser.
Independe-o.
Mas sua prodigalidade volta para ter com o pai.
Retorna para, num deboche, mostrar-se tal como sempre o impediu de se-lo.
Surge apenas para dizer que a madrugada não mais tem sabor.
E que lhe fada a sentir-lhe o gosto - ou desgosto - dela,
da impossibilidade,
e do pior de todos os sabores insonsens,
o gosto de si.

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