sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Na volta do mercado que fechou mais cedo

Triste do que fica.
Deverá aprender lidar com o que foi.
Com o que, quem e como já foi.
A memória serve ao desprazer d'um lamentar,
que como é de sê-lo, retorna à cada novo perceber.
Percebe-se mesmo quando não se quer.
Quando se passa por onde algo já se foi e
por mais doce que sejam as lembranças deste,
pelo fato de só isso serem hoje, dói.
Por um perfume perdido no ar d'um pescoço qualquer
que tanto me faz lembrar d'uma noite qualquer
com alguém que assim não o é, nem nunca foi-me.
D'um sabor desapercebido que adentra meu palato
e dá-me o gosto doce d'uma recordação recordada n'um amargar
por apenas assim, dessa forma, tão distante me tocar.
Da insensibilidade d'uma vida em esquecimento,
ou então em descuido, proposital as vezes;
em abandono d'um doer pelo ser estar no pretérito,
até as incontroláveis e ternas tristezas que povoariam, e povoarão,
os encontros daquele que fica no mundo remanescente,
um tanto indiferente à este, doutro mundo que já foi, pois,
a cada levantar (despertar) se deparará com um teto que o intimida,
que o tortura, justamente por ter sido testemunha de tanto e que hoje o observa solo,
com o desprezo d'um ocre sem massa corrida.
Testemunhas do belo são sentidas com olhares de cobrança sobre aquele que fica,
projetados, refletidos do espírito deste que se intimida sobre seu alheio opressor.
Sobre quem vai, seja como for, deixa, além da dor, que se faz constante em cada beco ou garfo que usou,
a imprevisível chama da material lembrança que tanto fere àquele que não pode ir;
esquecer.

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