Maria era uma boa menina.
Sempre foi uma boa menina.
Daquelas que sempre obedeciam.
Sempre obedecia.
Maria era uma boa menina.
Maria sempre fazia o que mandavam.
Sempre mandavam Maria fazer coisas.
Maria sempre obedecia.
Maria era uma boa menina.
Ensinaram Maria que se tem que ser boa.
Maria obedeceu e se tornou boa.
Maria se tornou uma boa menina.
Ensinaram a Maria que ela devia fazer coisas.
Maria passou a fazer coisas.
As coisas faziam a Maria.
Ensinaram que Maria teria que estudar.
Maria obedecia.
Sempre Maria obedecia.
Maria pode não entender o porquê,
pois não ensinaram isso a Maria,
mas ela obedecia.
Mas como obedecia.
Maria sempre obedecia.
Ensinaram Maria a aprender.
E Maria passou a aprender as coisas.
Outros mais então passaram a ensinar Maria.
Mas não qualquer um.
Ensinaram antes de tudo que só alguns ensinam.
E Maria aprendeu que só com alguns aprenderia.
Maria era excelente em aprender as coisas.
Outros então passaram a ensinar Maria.
Maria os obedecia brilhantemente.
Todos que ensinavam passaram a admirar Maria.
Maria aprendeu que devia ficar feliz com isso.
Maria ficou feliz com isso.
Todos que ensinavam ficavam felizes com a felicidade de Maria.
Maria aprendeu a ser tímida com isso.
Ensinaram Maria que era errado querer.
Maria aprendeu mais isso também.
Não queria nada essa Maria.
Ensinaram que era importante continuar aprendendo.
Maria aprendeu e continuou aprendendo.
Não sabia o que, mas continuou.
Maria era uma boa menina.
Maria sempre obedecia.
Explicaram para Maria que para continuar os estudos teria que estudar mais ainda.
Maria estudou mais ainda para continuar os estudos.
Explicaram para Maria que aquilo era muito importante.
Maria entendeu que aquilo era muito importante.
Maria obedeceu porque Maria era uma boa menina.
Explicaram para Maria que tinha uma prova para continuar estudando e que ela teria que ir muito bem nela.
Maria entendeu que tinha uma boa e que teria que ir muito bem nela.
Assustaram Maria que a prova era difícil e que poucos vão bem.
Maria ficou assustada que a prova era difícil e que poucos passavam.
Assustaram Maria que talvez ela pudesse não ser boa para passar.
Maria se assustou que poderia não ser boa para passar.
Mas Maria era uma boa menina.
Mas assustaram Maria que ela poderia não ser boa para passar.
Mas Maria era uma boa menina.
Mas assustaram Maria que ela poderia não ser boa para passar.
Mas assustaram Maria.
Consolaram Maria que isso era normal.
Maria se consolou que isso era normal.
Consolaram Maria que adolescência é assim.
Maria se consolou que adolescência é assim.
Reanimaram Maria que ela era jovem e podia ainda estudar para ser boa pra prova.
Maria se reanimou para ser boa pra prova.
Maria era jovem.
Sustentaram à Maria que ela tinha que continuar tentando.
Maria continuou tentando.
Maria sempre obedecia.
Maria era uma boa menina.
Mas Maria não passou na prova que só quem era bom passava.
Falaram para Maria que tinha de se dedicar.
Maria se dedicou.
Leram à Maria que ela passou.
E falaram que aquilo era bom.
Maria passou e sabia que aquilo era bom.
Maria continuou estudando.
Outros foram ensinando Maria que haviam coisas importantes.
Maria foi aprendendo que haviam coisas importantes.
E foram ensinando Maria.
E Maria foi aprendendo.
Então falaram que Maria teria que trabalhar.
E Maria trabalhou.
Então falaram que Maria teria que fazer algumas horas extras.
E Maria fez.
Então o patrão de Maria falou que precisava falar com ela.
E Maria falou com ele.
E que precisava ser em outro lugar.
E Maria foi a outro lugar.
E que ela era bonita.
E Maria era bonita.
E que aquilo era normal e o que ela deveria fazer.
E Maria fez.
E que deveria fazer sempre que ele quisesse.
E Maria fez sempre que ele quis.
E que Maria iria crescer.
E Maria crescia.
Amigos e Familiares achavam que isso era ótimo.
E Maria achava que isso era ótimo.
Diziam que ela deveria estar muito feliz.
Maria estava muito feliz.
Falaram que Maria iria longe.
E Maria foi longe.
Um dia Maria não atendia mais as demandas da Empresa e Maria tinha que sair.
Maria saiu porque não atendia mais as demandas da Empresa.
Prometeram muito a Maria.
Maria tinha acreditado.
Mas de repente Maria tinha que entender que não era mais possível.
Maria entendeu que não era mais possível.
Maria era uma boa menina.
O tempo passou e levou Maria com ele.
Sempre disseram que o tempo passa.
E Maria sabia que o tempo passava.
E após ciclos e ciclos de repetição de tudo isso,
disseram que o cansaço existe.
E Maria estava cansada.
Por último ensinaram que Maria tinha que ensinar tudo isso.
E Maria passou a ensinar tudo isso.
Pois a vida é assim.
E Maria sabia que a vida era assim.
Maria sempre soube.
Maria sempre haveria de saber.
Afinal, Maria sempre obedecia.
Maria sempre foi uma boa menina.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
A doçura
Ah, a doçura.
Como se pode ter algo
além da doçura?
Não se pode.
Tudo que há doçura é.
Ou então a sua falta.
Como aquelas amarguras
que nos tangem.
Mas como só tangem,
tudo bem.
Ser amargo seria pior.
Deveras pior.
Imagine acordar sendo um peso fazê-lo.
E mais ainda, não
ansiar o retorno ao sono.
Mais nada.
Nada melhor se quererá,
porque a amargura não deixa saber-se.
A amargura não deixa
nada.
Nada para si.
Nada para os outros.
Ninguém.
Um absolutamente nada.
Ah, a doçura.
Como somente ao seu
toque sabe-se o valor que tem.
A doçura daqueles
olhos.
A doçura daquele
sorriso.
Acima de tudo,
a doçura da doçura.
sábado, 9 de novembro de 2013
Rascunhos da existência
a maior e melhor paixão da minha vida....
sempre terá a face que lhe cobre o rosto
sempre terá o som do seus sorrisos
a fofura de seus gracejos
de sua inocente maneira de reagir às belezas da vida
o som de sua voz ao despertar ao telefone
a doçura de seus lábios
a intensidade de seus beijos
a paixão de seu corpo
a rendição de seus olhos
meus olhos
nossos olhos
olhos que não hesitam em clamar clemência
arrependimentos com gosto de saudade
pedidos de desculpas suspirados dentre lágrimas
sussurrados nas distâncias que nos separa
mas aos céus que tudo aproxima
juras e juras, mas desculpas muito mais
eternizadas na levitude do vento
dissolvidas na imensidão da noite
lágrimas suspiradas por uma face incompleta
por um espirito vazio
por um ser que só sabe soluçar
na ausência do grande amor que o silêncio traz
medido...
ponderado...
sincero...
mas que machuca deveras por serdes mudo
triste por serdes dela
por ser unicamente dela
da voz que ecoa em minha mente com sorrisos
com olhinhos felizes piscantes
mas que choram...
que muito choram...
e que fui incompetente em impedir-lhes lágrimas
mas as lembranças dos abraços e beijinhos durarão
há como durarão....
só me restam as melhores lembranças
do amor que tomou e domou em si mesmo
da paixão que todos anseiam ter em vida
dos deleites da melhor das amantes
da maior das amáveis
da melhor das mulheres
você...
minha eterna
e pra sempre doce
e apaixonante
lembrança.
sempre terá a face que lhe cobre o rosto
sempre terá o som do seus sorrisos
a fofura de seus gracejos
de sua inocente maneira de reagir às belezas da vida
o som de sua voz ao despertar ao telefone
a doçura de seus lábios
a intensidade de seus beijos
a paixão de seu corpo
a rendição de seus olhos
meus olhos
nossos olhos
olhos que não hesitam em clamar clemência
arrependimentos com gosto de saudade
pedidos de desculpas suspirados dentre lágrimas
sussurrados nas distâncias que nos separa
mas aos céus que tudo aproxima
juras e juras, mas desculpas muito mais
eternizadas na levitude do vento
dissolvidas na imensidão da noite
lágrimas suspiradas por uma face incompleta
por um espirito vazio
por um ser que só sabe soluçar
na ausência do grande amor que o silêncio traz
medido...
ponderado...
sincero...
mas que machuca deveras por serdes mudo
triste por serdes dela
por ser unicamente dela
da voz que ecoa em minha mente com sorrisos
com olhinhos felizes piscantes
mas que choram...
que muito choram...
e que fui incompetente em impedir-lhes lágrimas
mas as lembranças dos abraços e beijinhos durarão
há como durarão....
só me restam as melhores lembranças
do amor que tomou e domou em si mesmo
da paixão que todos anseiam ter em vida
dos deleites da melhor das amantes
da maior das amáveis
da melhor das mulheres
você...
minha eterna
e pra sempre doce
e apaixonante
lembrança.
domingo, 30 de junho de 2013
Da insatisfação latente
Há uma inquietude em mim,
Dessas que não se esvai,
Dessas que não me deixa,
Dessas que não se extrai.
Uma insatisfação que se faz presente,
E que nem mesmo um passado recente,
Sabe dizer para onde se vai.
O desejo que não se realiza,
Mas que tanto enfatiza,
Que o querer não se desfaz.
Nas inconstâncias do acaso,
Ou no destino que não transpasso,
Num silêncio que não há paz.
Dessas que não se esvai,
Dessas que não me deixa,
Dessas que não se extrai.
Uma insatisfação que se faz presente,
E que nem mesmo um passado recente,
Sabe dizer para onde se vai.
O desejo que não se realiza,
Mas que tanto enfatiza,
Que o querer não se desfaz.
Nas inconstâncias do acaso,
Ou no destino que não transpasso,
Num silêncio que não há paz.
quarta-feira, 19 de junho de 2013
O ato de revolver-se.
É simples.
No fim, tudo isso é simples.
Não menos belo, mas pelo contrário.
Existem encantos em cada singelo olhar,
Avermelhados, lacrimejantes, cansados.
Mas de um cansaço que não se rende, não finda.
Senão em ir e rearticular-se,
e voltar;
E voltar.
Revoltar.
Lamentos mil afluem todos os dias sobre sua ausência,
como que de um amante que foi pro mar e tarda em retornar.
Retomar o que é seu por 'direito';
o que é seu por dever.
Como iniciei,
belezas tantas que deveras esquecidas foram atrás dos olhos meus,
tamanhas as bestialidades que se apresentam no devir.
E que olhos aprendem a ver;
a ser.
E eis que,
basta um simples toque de um estranho,
de um outro qualquer na aleatoriedade do povo encurralado,
encarcerado nas vielas da vivência,
mas livres nas ruas do centro;
de um contato,
corpóreo ou não,
mas preenchido de um carinho para com todos,
Um espécie de cuido;
uma aflição partilhada no gesticular, no dizer, no existir;
E tudo se inverte.
Os olhos, impulsionados ainda mais pela nuvem ardente,
pelas borrachas ascendentes,
viram-se em si próprios.
Vê-se como o outro.
Vê-se como todos.
Deixar de ser-se para assim vislumbrar-se pela primeira vez em tempos,
finalmente [hei de dizer],
sendo.
Não se pode compreender a existência sem vivenciar o outro como a si.
Não enquanto posse ou mera extensão social,
Mas do que lhe faz ser.
Do que lhe faz.
És.
Sem conjugação.
No fim, tudo isso é simples.
Não menos belo, mas pelo contrário.
Existem encantos em cada singelo olhar,
Avermelhados, lacrimejantes, cansados.
Mas de um cansaço que não se rende, não finda.
Senão em ir e rearticular-se,
e voltar;
E voltar.
Revoltar.
Lamentos mil afluem todos os dias sobre sua ausência,
como que de um amante que foi pro mar e tarda em retornar.
Retomar o que é seu por 'direito';
o que é seu por dever.
Como iniciei,
belezas tantas que deveras esquecidas foram atrás dos olhos meus,
tamanhas as bestialidades que se apresentam no devir.
E que olhos aprendem a ver;
a ser.
E eis que,
basta um simples toque de um estranho,
de um outro qualquer na aleatoriedade do povo encurralado,
encarcerado nas vielas da vivência,
mas livres nas ruas do centro;
de um contato,
corpóreo ou não,
mas preenchido de um carinho para com todos,
Um espécie de cuido;
uma aflição partilhada no gesticular, no dizer, no existir;
E tudo se inverte.
Os olhos, impulsionados ainda mais pela nuvem ardente,
pelas borrachas ascendentes,
viram-se em si próprios.
Vê-se como o outro.
Vê-se como todos.
Deixar de ser-se para assim vislumbrar-se pela primeira vez em tempos,
finalmente [hei de dizer],
sendo.
Não se pode compreender a existência sem vivenciar o outro como a si.
Não enquanto posse ou mera extensão social,
Mas do que lhe faz ser.
Do que lhe faz.
És.
Sem conjugação.
sábado, 23 de março de 2013
Degringolar
Palavras só servem pra
sistematizar o que já existe em si.
Já eras-me avó antes
que eu compreendesse os sons;
antes das letras e dos
silêncios entre elas.
Já era neto antes da
primeira luz tocar-me a vida;
antes do primeiro toque
me acarinhar.
Já existíamos um para
o outro sem que os dois soubessem simultaneamente.
Tardei a entender.
Tardei como tarde quem
nasce;
como quem não
enquadrou os sentidos em formas.
Formas que não suprem
a grandeza das coisas,
mas as habilita para o
mundo dos homens;
as coordena ao
desenvolver-se destes seres.
Conduz ao tal
compreender.
Compreendo.
O universo que tocou-me
desde antes de entender o sentir,
não é mais.
Nada disto será mais.
Eis a lógica dos
seres.
De todos eles.
Persistirem.
Continuarem.
A revés de todo embate
que lhes aflinge;
de toda física que os
toca,
e retoca,
e os encaminha para o
fim.
Morre o ser que não
mais pertence a nada.
O desenraizado;
desprotegido;
desacreditado.
A verdade se constrói
na incompreensão juvenil,
e desenrola-se na
desilusão senil.
A senilidade inicia-se
com a jovialidade,
que só definha,
e definha.
E leva consigo o certo;
o certeiro;
as certezas.
Ao passado que se esvai
À minha infância,
tempos extra-humanos e materiais,
deixo o simples desejo,
que não me deixe mais.
Que sem o seu lampejo,
um simples abraço,
ou um tênue beijo,
nada mais há de ser.
Nada mais hei de querer senão vivificar minhas lembranças.
Tê-la novamente ali.
Todos nós.
Sou deveras materialista pra crer no tempo,
imagine à outras crenças mais.
Porém vivo o deleite,
que tanto há de me testar,
pois a cada novo dormir,
a cada novo sonhar,
me apareces tu,
e juntos um dia mais vamos ficar.
O que resta ao despertar,
estando o sol em seu lugar,
e tudo mais ao transitar,
sem jamais voltar a ter,
aquela casa,
aquele lar.
Aqueles olhos carinhosos,
dedos delicados, caprichosos,
e tranquilidade exemplar;
Sem poder ter,
acima de tudo,
o seu chá pra eu tomar,
o seu chá pra eu tomar,
e à minha vó pra retornar.
Nega
Triste nome que
machuca.
Fere até o que não se
sente são.
Arranha até o que não
lhe pertence e
faz tormento à
inquietude que há muito não há.
Desolação.
O que mais há de ser
senão o desolável;
O incomensurável ato
da dor.
Aquilo que não se
afasta,
não se retira,
não se expulsa.
O Inexpugnável sentir.
O vazio e o
insustentável.
A abundante tristeza
que entorpece os sentidos;
os pensamentos.
Nada mais há.
Nada deveria de haver.
Nossa dor fazemos nós
mesmos.
O sofrer é o delírio
do ser.
A amargura é fruto do
eu.
O incompreensível
brota do anseio em compreender.
A distância mata mais
que a morte.
Esta retira a agência,
Aquela a lembrança.
O enebriamento do
cotidiano afasta a dor;
afaga-a e alimenta.
Explodirá!
É claro que explodirá.
O vazio se engrandece
além da forma de si próprio.
Expande e dominará.
E domina.
Corrompe e destrói.
Entontece tudo que
outrora foi.
O afastamento é
impossível.
A distância é nula.
Defronta-se com a
triste e solitária realidade do eu.
Do eu que tantos seres
possui.
Possuía-na, minha avó.
Estás em mim para além
do entendimento.
Posso descobrí-la a
cada novo teste;
a cada novo ato me vejo
no passado;
me vislumbro com
lembranças que nunca mais lembrei.
Me deparo com a
incerteza de tudo,
onde antes tão firme
era.
A rigidez das certezas
foram contigo.
Já desmoronavam há
tempos.
Ruiram.
Compreendo que pouco há
a compreender.
Tal verbo pertence à
uma esfera do todo,
insuficiente para
projeções universalis.
O tempo dos homens é o
da insegurança;
das incertezas.
O estável pode
enraizar-se nas edifícações humanas,
mas pouco é aos olhos
do acaso.
Debocham-lhe.
Mastigar-lhe-ão as
afirmações;
as firmezas.
Nada há, minha
senhora.
Somente o vazio que
permitiu-me criar,
após tamanhas raizes
que deu-me a ser.
O que restarão aos
seres sem suas memórias?
Edificam-lhe e os
possibilitam à obras tais.
Basta uma
ocasionalidade,
um inesperado ato,
uma triste surpresa,
e nada mais serão.
Tiram-lhes o que era
eterno.
O que deu-lhes base à
crer na verdade,
à crer que tal
existiria,
e como atributo,
portaria a eternidade.
Tiram-lhe e todas as
demais certezas ruirão.
Restarão à seus olhos
apenas crostas,
cascas vazias de um
mundo que não mais é.
Fora, é claro que
fora,
mas na mente que pode
acreditar.
No ser que pôde viver
ao seu lado, vó.
Apenas isso.
Os ofícios da rotina,
que deveriam conduzir
ao esquecimento,
ou mero abrandamento da
dor,
resultam em sua
contradição.
Aparecem fortes na
determinação da fuga,
mas frágeis em si.
Não suportarão!
Nada restará.
São esqueletos frios
como aquele que repousa.
Os sentidos se
perderam.
Estes só podiam
existir pela certeza de poder me abrigar em ti.
De poder repulsá-los a
qualquer momento e voltar aos quebras-cabeças.
De desenhar nas aulas
de tricôt.
E agora, hei de agir e
edificar novos abrigos?
Isto seria mais um novo
distrair.
Conduzir a certeza das
coisas.
Estas são frágeis.
A certeza apenas...
era.
Não deveria depender
do eu.
Nunca!
Seria a negação de si
própria.
E é assim que me
aparece.
O que fora certo,
não mais é.
Não quero controlar.
Isto foge a forma da
vida.
Não temos o controle e
a certeza de nada.
Não devemos induzí-la.
Não é isso que me
mostra?
Seria imprudente e
desrespeitoso à tais lembranças
não entendê-lo.
Nada mais é, dona
nega.
E não há tristezas em
aceitar,
senão no vazio de uma
velha crença.
De uma crença onde
tudo era;
onde tudo poderia ser.
Até o último
instante, e além, me protegeu disto.
Fora eu o último a
aceitar a fatalidade.
Fugia dela com a
certeza de eliminá-la.
Eliminei de mim momento
ótimos.
Como aquelas noites de
sexta ou sábado dormindo ao chão de vosso quarto.
Ou a compreensão rara
ao meu tipo de humor que lhe fazia rir.
Acreditei, para fugir
disto, em deveras outras coisas.
Todas tão frágeis,
para suavizá-las, quanto a isto.
Muito mais, na verdade.
Construiram vazios que
explodem e hão de explodir.
Nada além de
construções minhas.
Através de minha fé
nestas,
outrora, certezas.
O mundo dos homens é
apreensível,
desvendável,
conquistável.
E justamente por isso é
simples;
entediantemente
simples.
Incompleto como reflexo
de seu criador.
Haverão vazios neste
enquanto permitir-nos.
A completude,
sem dúvida há,
nas certezas que
trazemos do passado;
nas certezas que a vida
nos cerceará.
Em algumas que podemos
construir,
mas serão frutos de
nosso controle;
de nosso querer.
Serão miniaturas do
nós,
e sobre nossa guarda,
ficaremos à margem de
nós mesmos.
O além existe no que
resiste,
no que resta e restará,
de um tempo onde o
certo havia;
onde o certo há.
E as mais puras e doces
lembranças,
apenas machucarão
mais,
pela ausência de
materialidade que elas nos trazem.
Do abrigo que tanto
carece o homem.
Da certeza de algo
além.
Algo supra si.
Algo que nos
tranquilize por nossa ínfima existência.
A certeza se instaura
no controle externo.
No que foge ao eu.
E que certeza me
restará,
quando não mais
houver,
tudo aquilo que me fez
ser;
tudo aquilo que
acreditei ter;
tudo aquilo que
ensinou-me a amar.
À Russa
Aqueles morenos cabelos
que deslizam em sua face.
Morenos tão perfeitos
que nem o são em si.
São castanhos, num tom
tão reluzente.
Daqueles que reluzem
todos os tons do ambiente.
Seus traço retos,
suaves,
singelos.
Delicados a sua forma.
Ríjos mas ternos.
Conformadores de uma
beleza nova.
De uma beleza sua.
Com os esvoaçantes
fios rebeldes.
Há rebeldia,
massiva,
em sua forma.
Ressonante como uma
grande sinfonia,
ecoam em sua face
instrumentos mil;
notas tantas.
Tudo numa perfeita
harmonia de um encanto novo.
Um encanto belo.
Segredado a si mesmo.
A delicadeza do nariz
conduz como um fio
à jovial boca que
tanto mais segredará.
Distinta pela marca
inferior,
como demarcando o
encontro de traços seus;
os finais da lisa face
de corte fino.
A tez singularmente
feita pela pluralidade de encantos,
reluz em breves tons
amenos,
nas certezas de um
olhar que tanto tem a falar,
mas tão pouco vem me
dizer.
Um olhar de mistérios.
Dos mais profundos.
Um olhar de sonhos mil,
por mais pragmática
que seja a pupila,
a sombrancela suporta
em si,
a suavidade da
existência em seda.
Da existência sútil.
Na mente pensante,
reluzente no olhar
firmemente carinhoso,
muito há de especular,
mas não há espaço
aqui,
senão para adular;
senão pra refletir.
Sinceros aromas teus,
percorrem o ar ao seu
redor.
Amores como os teus,
não vivem em dó
menor.
Mistérios são o que
há,
sem dúvida hei de
dizer,
em seu jeito de ser;
em seu jeito de olhar.
O desejo é copiá-la;
decifrá-la;
transpassar-lhe os
mistérios vís,
e dos enigmas teus,
presentes no brilho dos
seus.
Mas imprudente,
e mais ainda,
a morte do meu,
seria se ousasse tal
compreensão dos seus.
Uma vez que encantos
assim,
servem ao artista que
vê;
Servem à dúvida que
há.
E que se instaurará a
cada novo reencontrar;
A cada novo viver.
A inquietude que tal
face dá,
serve a desassossegar;
Serve a desilenciar
um espírito mudo que
volta a cantar;
que volta a sentir o
sabor do ser.
E que acorda a pensar e
que chora ao dormir,
transtornando seu viver
com a dúvida sem fim;
O que será de mim?
O que há em ti?
sábado, 9 de fevereiro de 2013
Lúthien
Há, sem muito duvidar, um jovem em mim.
Um jovem daqueles que só quer chorar.
Lacrimejar ao mundo suas dores.
Chorar a ternura do passado como passado.
As saudades que sufocam.
Mas acima de tudo a insalubridade do presente.
Um presente sem futuro.
Um futuro sem futuros.
Parou de crescer na dor,
e és fruto da nostalgia.
Intemperança.
Tudo o que ele é não sou mais.
Tudo o que ele quer não há mais.
Os semblantes existem, mas não são.
Ah, o que poderia ter sido.
Na minha mente foi.
Na minha mente é.
Tudo que podia ter sido é.
E a tristeza reside ao sair de lá
e ver que aqui não é.
Ver que aqui não há,
que aqui não tem.
Se tem, não é como lá.
Lá é o melhor do que aqui já foi.
Tudo de belo lá se eterniza.
Posso ter mil amores,
Ser o maior de cada um deles,
Mas o maior da minha vida,
Sempre, e vivificadamente na lembrança,
agonizante por ser bela demais pra ser lembrada,
Será a jovem inesperada,
Desde então admirada,
Revisitada noutro tempo
e então eternizada.
A bel'elfa d'outros tempos.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
...Et facta est lux!
Há um sol,
um pequeno sol.
Destes sóis que os astronomos tanto falam;
Tanto sabem.
Mas que não se pode ver.
Daqueles sóis que brilham em silêncio.
No silêncio do universo;
da própria existência;
da própria escuridão que não transcendem.
Há um sol como nenhum outro.
Pequenino por si só,
mas quem há de culpá-lo?
Todos se expandem para então,
enfim explodirem em milhões de pedacinhos.
Cada um bem menor que este solzinho.
Um sol que não precisa de luz pra brilhar.
E não, não estou falando da nota musical
que também no vazio do espaço não poderia soar.
Um sol que está láaaaa... beeeem distante.
Na distância de que olhos e lentes não chegam,
mas que a mente humana sabe onde está.
Um solzinho gracioso por si só.
Que com seus pequenos raios há de iluminar tantas cousas outras.
Tantas cousas que nem sei imaginar.
Projetar é fácil;
Calcular mais ainda.
Mas a imaginação há de voar assim...
Despretensiosa como esta linda estrelinha,
e assim quem sabe, confrontar-se com o incalculável;
Com o impensado de algum canto de outra galáxia qualquer;
De um canto que reverbere em si.
ou quem sabe lá, exista, outra forma de reverberar.
Algo entre si e...todo o resto!
Alguma forma especial,
daquelas que não podemos imaginar,
nem calcular...
nem projetar...
Talvez um verbo novo!
Isso, um verbo novo para o entorno deste solzinho.
Há como queria estar lá.
Só por estar.
Pelo exercício do ser.
Por todo verbo...sujeito, tudo!
Ai esse solzinho,
me faz tanta falta.
Como pode acontecer algo assim na vida nossa?
Pensamos em algo,
Dizemos - ou só pensamos mesmo -...e BUM!
Ele existe!
Não só existe como machuca!
Fere nossa própria existência e até subleva-a.
Sobrepõem-se a nós mesmos.
Delicioso e amargurante.
Mas é assim.
Ah, aquele solzinho.
Tão distante.
Tão oculto à olhos meus.
Mas tão vivo em meu pensar.
Tão evidente em meu ser.
Como não amá-lo?
um pequeno sol.
Destes sóis que os astronomos tanto falam;
Tanto sabem.
Mas que não se pode ver.
Daqueles sóis que brilham em silêncio.
No silêncio do universo;
da própria existência;
da própria escuridão que não transcendem.
Há um sol como nenhum outro.
Pequenino por si só,
mas quem há de culpá-lo?
Todos se expandem para então,
enfim explodirem em milhões de pedacinhos.
Cada um bem menor que este solzinho.
Um sol que não precisa de luz pra brilhar.
E não, não estou falando da nota musical
que também no vazio do espaço não poderia soar.
Um sol que está láaaaa... beeeem distante.
Na distância de que olhos e lentes não chegam,
mas que a mente humana sabe onde está.
Um solzinho gracioso por si só.
Que com seus pequenos raios há de iluminar tantas cousas outras.
Tantas cousas que nem sei imaginar.
Projetar é fácil;
Calcular mais ainda.
Mas a imaginação há de voar assim...
Despretensiosa como esta linda estrelinha,
e assim quem sabe, confrontar-se com o incalculável;
Com o impensado de algum canto de outra galáxia qualquer;
De um canto que reverbere em si.
ou quem sabe lá, exista, outra forma de reverberar.
Algo entre si e...todo o resto!
Alguma forma especial,
daquelas que não podemos imaginar,
nem calcular...
nem projetar...
Talvez um verbo novo!
Isso, um verbo novo para o entorno deste solzinho.
Há como queria estar lá.
Só por estar.
Pelo exercício do ser.
Por todo verbo...sujeito, tudo!
Ai esse solzinho,
me faz tanta falta.
Como pode acontecer algo assim na vida nossa?
Pensamos em algo,
Dizemos - ou só pensamos mesmo -...e BUM!
Ele existe!
Não só existe como machuca!
Fere nossa própria existência e até subleva-a.
Sobrepõem-se a nós mesmos.
Delicioso e amargurante.
Mas é assim.
Ah, aquele solzinho.
Tão distante.
Tão oculto à olhos meus.
Mas tão vivo em meu pensar.
Tão evidente em meu ser.
Como não amá-lo?
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