quarta-feira, 4 de junho de 2014

Observar o olhar que observa

Da inesperável tarde domingueira,
o que pode brotar?
Na terra da garoa nada se deve esperar,
porque por muito além do que se pensa,
o inesperado virá.
Virá.
E não fora diferente.
O que se pode dizer senão,
do evento ocasional,
que quase nem fui,
tocar-me-ia olhos tão assim.
Mas isso não importa.
Não, já disse que não.
O essencial é tocar ao mundo.
Isso que foi a chave.
Como tais, olhos aqueles,
observavam o obliável das existências da cidade.
Os detalhes esporádicos ou não,
os resquícios dos que passaram,
e mais ainda,
a memória esquecida de quem tentou eternizar,
mesmo que pouco,
mesmo que um fragmento de si...
Tudo,
absolutamente tudo isso tinha espaço naquele olhar.
Sim, olhar e não olhos,
como se verbalizar a substantivação destes.
Como se não fosse possível,
e ainda muito pouco é,
de se compreender que as belezas do mundo,
para além da objetivação dita,
não reside nele,
mas sim,
e fundamentalmente sim,
na bela arte de olhar.
E maior beleza há,
que se lembrar pela observação d'outros olhos,
o quão lindo há de ser,
singela e unicamente,
olhar?
Difícil,
devo dizer,
que não há como,
e isso de praxe ao homem-ser é,
esquecer-se de tudo isso que disse,
e por fim ter,
o observado,
seja o mundo,
sejam aqueles olhos que o observam,
como detentores das maiores belezas em si.

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