domingo, 15 de novembro de 2015

Rebelar-se à sagrada de Gaudi para serdes

Não se deixe abater,
Use a força da imposição sobre ti contra quem lhe impõe.
Quando pressiona-se algo,
Ele flui por novos caminhos.
Fragmente-se,
Reconstrua-se.
Serás por próprio punho,
mesmo que o mesmo.
Mas então será e não apenas estará.
Se te apertam é porque algo os incomoda.
Incomoda tudo que muda.
A mudança quebra as certezas.
Será que elas realmente existem?
Se não, o mundo desmorona.
Seria ele todo fundado em mentiras?
Se for, tudo o que se orgulham pode não ser nada.
'Pode deixar que eu pago', disse o velho.
Disse porque pode e vai se orgulhar disso.
Quando o dinheiro não valer,
não terá do que se orgulhar.
Vai chiar, como vai chiar.
Porque com ele levou-se o seu poder.
Agora, mais do que o pagar,
tirou-lhe o "poder pagar".
Se foi criado no mundo aonde esse poder há de voltar,
Se existiu no mundo no qual algo em troca se pedirá,
Se tardar em romper,
não romperá.
Uns dizem que nunca o fará,
Porque já faz parte de quem és.
Prefiro acreditar nesse 'poder',
pois se não acreditar, nada restará.
E poderá ir.
Não poderá ficar.
Querem-me longe.
Querem-me quieto.
Querem-me tu.
Querem-me eles.
Não terão.
Não me calarão.
Sou o que sou e sou o que senão,
sua negação?
Sou a condicionalidade contra o indelével.
O amor que aceita tudo há de ser amor pelo ser?
Se o ser muda e o amor não,
o ser não importa,
apenas,
se comporta.
O amor da condição é mais forte.
Viver-se-á mais intensamente por ser efêmero.
Por compreender e lhe ser intrínseco a perda.
A ruptura.
Por tal, o ser é ou não é.
Há de ser provocado e reagir.
A não-reação é uma reação.
A reação à condição.
Para além de mim,
amo-te pro mundo.
Afinal,
Se fordes só minha,
ou quem sabe pior,
acreditardes que algum dia pode ser minha,
engana-se,
ninguém o é de ninguém,
exceto quando acreditam-se assim,
e se,
assim o fazem,
infelizes,
pois apenas vivem,
sombreando um ao outro,
margeando a incondicionalidade d'outro,
que apenas é o mesmo para ti,
e então,
findarão assim,
ambos,
nada sendo,
pois perderam-se na volta em si mesmos.
Amando sem saber o que ou a quem amar.
Chorando sem saber porque ou pra quem chorar.
Morrendo como quem não viveu e,
levando o que não se aprendeu.
O meu amar te pede o querer,
jamais o obrigar,
te doa o mundo,
e se ele,
pelos acasos e sorrisos,
te levar,
pindarei aqui,
não sem dor,
a te olhar,
tanto mais a te querer,
não pra mim,
não por ti,
apenas,
a admirar.

O ser é muito pouco pra se devotar.
Tal qual é no silêncio que a tragédia se reproduz.