segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Lembranças de Verão

Reencontrar.
Uma das maiores delícias da vida.
Seja como for, mas que seja.
As vezes pode ser algo que nem se lembrava mais, porém numa conversa aquilo ressurge.
Renasce.
Nasce com uma beleza a mais, pois já surge com uma significação que à primeira vista talvez não tivesse.
As vezes o reencontro surge num perfume,
numa música,
num local.
Coisas assim que eternizaram pessoas.
Momentos.
Sensações.
Nesses casos, surge um reencontro consigo mesmo.
Um eu que alterou-se tanto a ponto de esquecer aquilo.
Distrair-se deveras.
E há quando algumas das piores situações tornam-se lembranças boas.
Engraçadas.
E como as piores pessoas são lembradas apenas para que novamente as esqueça.
E é bom lembrar-se que elas apenas lhe pertence à memória.
Um homem acorda.
Sem vontade de acordar banha-se.
Se arruma e na hora de sair de casa o vento lhe trai.
Lhe traz.
Um cheiro de chuva.
Um cheiro de flor.
Lembra-se da sua avó viúva.
Lembra-se com muito amor.

A vida ressurge em lágrimas
Que esses olhos tinham.
Já que esqueceu as cócegas.
Que aqueles dedos lhe faziam.

O tempo lhe foge à mão.
O vento o leva embora.
Só sabe que lamenta em vão,
o passado que agora chora.

Esse lembrar lhe fera a alma,
Coisa que esqueceu que tinha.
A vó lhe trazia calma,
sua lembrança lhe mais ainda.

Agora o homem chora,
da garagem à cozinha.
Mal sabe que ali mora,
outra velha lembrancinha.

Sorrindo lhe mostra a face,
uma foto bem velhinha.
Vem de tempos gloriosos,
"essa bela lembrancinha".
Sozinha no porta retrato,
prostrava uma senhorinha.
em diminutivos carinhosos,
Sua amada avozinha.

Ignorada até então,
Como às velhas rimas.
Que fazia o velho barão,
Sobre suas pequenas primas.

E toda uma infância surge,
Como se nunca tivesse sumido.
O velho trabalho é deixado,
À se pensar o que poderia ter sido.

O vento vai se embora.
O perfume se levanta.
O rosto volta à si,
Quando o relógio velho canta.

O homem caminha até o carro e chorando se vai.
Logo se distrai,
Logo se esquece.
Esperando, sem pensar, que o vento venha lembrar,
Que aquele perfume não perece.
Floresce.
Se revigora e jaz, nas memórias de mais um.
D'um.
Dele.

Reencontrar,
No fundo de uma geladeira qualquer.
Atrás de distrações noturnas,
Uma galão d'águas profundas.
Que não só mata a sede.
Não só vence o mormaço.
E que ao beber se chora de lembrar,
toda uma vida de doçuras,
que embora nem tudo possa rimar,
para mim sempre haverá a ternura,
de nessa água poder saciar,
toda minha saudade.
Saudade.

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