sábado, 30 de janeiro de 2010

À Janeiros, Fevereiros, Marços...

O Tempo está.
Sorrio no pensar que ele será.
Mesmo depois de eu ter sido.
Assim como a chance disto continuar a ser lido.
Relido.
Quem sabe compreendido.
O texto.
A Obra.
Eu.
Aquele que se levante para o que foi, vê.
O como nada é para o que está por vir.
O meu tempo nada é.
O meu tempo, para mim, muito foi.
Assim como o faço hoje com os que se foram,
Aguardo que a mim façam no que há porvir.
Não serei.
Não acredito em nada.
Acredito que serei tudo.
Mas eu.
Eu.
Não serei.
Estas palavras minhas não serão.
Nem sei mais se são.
Pertencem à quem importar-se com elas.
Assim como dei minhas lágrimas ao mundo,
Dou-lhes-lhe estas grafadas.
De súbito, some de mim.
Nada mais há de restar.
Senão um ponto.
.

A Gravidez

Quanto há de morrer com o poeta.
Iluminam-se leitores com suas obras,
mas não percebem o quanto este ocultou.
O que há de residir em pequenos poemas,
Em simples obras,
Sendo que o coração deste há de ser eternamente tenso.
Quantas obras se perdem no caminhar pela rua,
ou na leitura de um bom livro,
num bom filme,
num certo momento.
Tudo onde não haja onde marcar ou à quem comentar.
Mesmo que depois de escrito estes morram sem ninguem ler,
a missão do poeta fora feita.
Mundializar o Espirito.

Quanto de mim se perde em minhas palavras.
Apagando pensamentos ao transporta-los pro papel.
A mente que reune os fatos em forma linear, ou não,
Agora declina na postagem de seu raciocinio.
O ódio se consome por si só.
O amor acalma-se.
Talvez tudo seja necessário para a sua resolução no fora
Pois o poeta não há de suportar a si mesmo.
Ninguem suporta a si ou ao mundo.
Assim, debruçam-se uns aos outros.
Outros, que não mais confiam no seu externo,
Fazem suas criações e nelas se apoiam,
Então, o que cria o suporte conhece sua capacidade,
Seu tempo de sustentação e acolhimento.
Mesmo que por fim,
A criação acabe perdida, esquecida ou nunca chegue a ser conhecida à todo o resto.
A arte É por si só.
Para o alívio de quem cria e
Quando há, deleite do expectador.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Essência

A real beleza só há de ser simples em sua unidade.
Perfeita em seu luxo e sabor.
Que há de queimar o coração de seu admirador.
E os olhos, se suportarem ver, lacrimejarão.
Para acalmar o fogo que lhe invade.
A chama do verdadeiro amor.
Seja-lhe na mais breve chuva ou flor.
A percepção para tal real maravilha, somente à um artista pertencerá.
Nada que se crie.
Nada que se ensine.
Apenas o observar e compreender.
O quão fantástica são as mudanças ocultas que se fazem.
O sonho da donzela à fotossintese.
Embora as consequências futuras possa-lhe ser vista.
Cabe ao artista desbravá-las desde o momento que se origina.
No íntimo de todo ser.
Eis a maior benção e maldição dos homens.
Sentir.
Perceber as reais maravilhas de cada ato ou pessoa.
Em particular dirijo às mulheres.
Que como as flores acreditam nas pétalas.
Enquanto um admirador verdadeiro, as despe com o olhar.
E diz-lhe o quão agraciado há de ser com a visão do seu eu.
Fabricam-se pétalas e esperam tornar-se heterótrofas.
A maior de todas as belezas reside no rosto limpo e nos olhos puros.
No olhar que reflete o universo sem faltar um A.
Como vivo a chorar à esses olhos.
No mais puro agradecimento de poder ver,
As maravilhas que tão artistas tentaram transcrever.

Valores

Sexo não é Sexo.
Sexo, é apenas sexo.
Ou diria melhor...sexo.
Para que exaltar a pupila do morto?
Morte um tanto ignorada.
Todos esquecem o que lhe é fadado.
Nos doutrinam imortais.
Como se o coração poético dominasse o físico.
E na eternidade dos prazeres vividos ficaremos.
O nascer é acentuado e o fim, abreviado.
Imortalidade vigora, mesmo que em idéia.
Adormecemos para que um dia deixaremos de Ser.
Seremos nada.
Ou melhor, não Seremos.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Padrões habituais

Outubro renasce.
Talvez o mundo siga ciclos.
Embora seu conteúdo mude, a frutificação segue padrões.
A estrela nasce para brilhar e brilha para se apagar.
Impérios sobem para cairem.
O homem avança para em fim se fechar.
Do feudalismo à pós-modernidade, só mudou-se o referencial.
O mar ainda é mar, conquanto tenha ficado menor.
Os olhos que lhe viam há cinco meses, agora estão dependurados.
O mundo dos morcegos é o atrasado dos patos.
Figura-se em minha memória uma face esquerda.
Agora esta continua sendo, porém é direita.
O gosto do rosto é igual.
Desgastado e habituado pela minha lingua casta.
Saborear?
Polvos não acham as águas salgadas.
O dizer é impróprio aos ouvidos machucados.
Derretidos na doçura de elogios.
Demolidores do importar-se.
Cale-se e me ame.
O afago alimenta a submissão.
O inferior é quieto porque está morto.
Lástimar, a impossibilidade de tentar ver mais largo, é inevitavel.
Mais longo que a domesticação carinhosa de suas pupilas.
Ao luxo, a entrada é invasora.
Por fim.
O lastimado se alivia na destruição da inocente.
A inocente despedaça-se.
Farpas cegam o agressor.
Um mar surge, de ofensas e agrados.
Num ciclo de visões opostas e variavelmente rotineiras.

Consciência

Culpado.
Arremesso-lhe a corda ao pescoço.
Prendo-lhe a alma com minhas palavras.
As idéias a sufocam.
Estrangulam.
A raiva destroça seu ser.
Ser maravilhoso.
Delicado.
Inocente.
Mas a angústia faz o louco.
A loucura pendura-se na árvore da dúvida e só basta um puxão.
A mão que puxa é a mão que nega.
A ausência é tão carrasca quanto o desprazer.
Questiono-me sobre qual que és.
Possuem o mesmo gosto.
Embora difiram da estação de frutos.
Saber o que alimenta a vontade de negar é um luxo.
O sábio mantêm-se imóvel.
A tristeza te alcança e machuca como o tempo à mim.
Fugir em idéias é rotineiro.
Negá-las, uma profissão.
Enquanto sua boca me sorri a minha escarra.
E depois vêm limpá-la com beijinhos.
O estado muda os olhos.
Assim é mais facil ver azul.
A história é retomada e reavaliada.
O azul fica.
O brilho vai.
A continuidade é ameaçada e a permanencia morre.
Lágrimas de um caminho inundam o destino.
O vale evidencia não possuir o céu e o charme.
Às colinas vão.
Ó doce brisa que me tira a amargura.
E de solavanco leva a inspiração.

Madrugada

Oh Madrugada.
És minha.
Somente minha.
Do alto do me trono à comando.
Do alto do meu sono te liberto.
O silêncio de suas entranhas alimenta meu pensar.
Meu sofrer.
Meu lamentar.
Como adoro saborear seu gosto azedo.
A amargura de sua escura e fria solidão.
Inspira-me a doce vivencia do eu com o eu.
Salga-me a pela as lágrimas de suas sequências.
Horas.
Perduram uma infinidade de tempo.
O vazio é preenchido segundo a minha vontade.
E quando mergulho na vastidão de seu manto.
Sou tragado para fora pelos primeiros raios de sol.
Arranca-me como um filho prematuro.
Meus pensamentos difundem-se neste mar profundo que me rondava.
O absoluto negro do caminhar da noite não pode ser alcançado.
Resta-me dormir.
Dormir para acordar e aguardar.
Esperar que o sol morra para novamente eu dominar.
O mundo sendo meu.
Parte de minha arte de ser.
No mais puro egoísmo de meu individualismo.
Não pronuncio uma palavra.
Ninguem pode ouvir.
Não preciso mais dos sentidos normais para viver.
A noite é o deleite do poeta.
Onde o verdadeiro sentir aflora em seu ser como se palavras se alinhassem por si só.
Cabe apenas a mim transcrever a ordem ja per feita.
Cabe a mim, apenas traduzir as maravilhas que se criam dentro do meu.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Por que Escrever?

Ó Palavras!
Recriadas na mais bela contrapontística composição.
Ignoradas por ausência de um renome educacional.
Lidas, se assim forem, um cúspido elogio emana do espírito destinado.
O que há de esperar dos homens senão seu egoísmo.
Mesmo que seja num altruísmo intencional.
Não emos de faze-los por nada ou ninguém, senão pelo prazer do nosso eu.
Vontade sujam a alma dos significados.
Dos Atos. Das palavras. Das primaveras.
A vida é arrancada pelo desprezo e devolvida na admiração.
Admiração que vem do meu-querer.
Seja malicioso ou socializavel, conquanto faça-se verdadeiro.

Porque o âmago do ser é conflituoso.
E de guerras e terremotos parem um novo mundo.
Um mundo ovaciona o morto e mata o ovo.
O ovo interno que carrega a tinta para pintar o quadro da vida.
À sua paisagem. À sua maneira.
O Poder de criar é arrancado das entranhas do homens.
E estes ja impossibilitados da arte, ignoram o mérito dos irrenomados.
O ciúmes. A repulsa.
São meras inaceitações de sua limitada capacidade de criar e admirar.
A confiança no mundo que se pinta está na compreensão das cores que possui nos olhos.
As cascas do ovo quebrado são reconstruidos com paciência.
A paciência de observar a vida na arte e criar a arte na vida.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

(Sem) tempo, vida e, Trabalho.

Calor.
Pessoas andando juntas.
Seguidas.
Inconscientes.
Olhares vazios.
mais Pessoas.
Menos espaço.
Espremidas.
Calor.
Tridentes subjulga-os.
"Desculpe, Senhor!"
Pobres.
Esquecidos nas esquinas.
Sujos.
Vivendo do resto, dos passos dos que andam;
se espremem.
Mais nuvens.
Ma(i)s cinzas.
Menos Sol.
Calor.
Indo.
Vindo.
Caido.
Esquecido.
!TRIM!
Todos tocam os bolsos.
Um escolhido.
DEMITIDO!
Ninguem para.
Ninguem ouve.
Ninguemse importa.
É avistado.
Para.
Cai.
É esquecido.
Calor.
Cabeças tampam o cpeu.
Pés pisam.
Corpos são levados.
Incosciente.
Conscientes comandos.
Conscientes Destinos Inconscientes.
Pensar?
Fazer!
Sofrer!
Consequências.
Produzir.
Calor.
Percurso cria os ventos.
Percursantes criam tempestades.
Liberdade faz inverno.
Identidade derrete à Igualdade.
Fraternidade evapora dos caídos.
Olhos carbonizados de modismo e inferioridade.
Não existe heróis.
Apollo tira as cores e, Reina.
Someone Pray.
Una gratia.
Pyro.

Pituxas

A magrela malhada e a ruiva peluda foram colocadas no veículo.
Viajou-se para outro distrito.
Mais de 20 km o percorreu.
Achou um terreno baldio.
Cercado à madeira.
Uma frestra.
O tamanho necessário.
Colocou-as nesta área não ocupada.
Estranharam esse passeio.
Uma vida dedicada à os que as deixavam agora.
Fechou-se a porta.
O carro distanciava.
As cabecinhas vira-latas diminuem-se.
Seja pela distância ou incompreensão.
Eu, criança, não entendi a simbologia do ocorrido.
Jogava-se fora o celular que saira de moda.
E pegamos a estrada à volta.
Dias depois.
Volta à seu lar, apenas uma.
Malhadinha, cansada, esfomeada.
Volta para o abrigo e a dedicação à seus deuses.
Donos.
Posse.
Volta porque acredita ter sido esquecida.
Sua irmã, ruiva, nunca mais foi vista.
Provavelmente findou-se como uma mancha na estrada percorrida.
Lamentando o acaso que lhe acomete.
Lamenta sem forças.
Corpo destroçado.
Sangue.
Fezes.
Lágrimas.
Tudo mistura-se à poeira da pista.
A irmã tenta fazer algo para ajudar.
Nada pode à ação dos deuses.
Só olhar e lamber o rosto sangrando.
Sua lástima dura o tempo de outro veículo vir.
Destroçar seu crânio no chão quente.
Um CRAK.
Um espirra de sangue.
Um ultimo uivo.
Findou-se a irmandade.
Resta à malhadinha voltar para casa.
Agora sozinha.
Volta e espera o amor à qual dedica-se.
Mas percebe um padrão à palavra AMOR.
O praticá-lo, raramente à de ser correspondido.
Por fim.
Chega.
Riem de sua audácia.
Sentem o peso do ato praticado.
A acolhem.
Mas por pena e reconhecimento à seu esforço que por amor.
Vive mais um tempo.
Nunca mais aceitou ficar sozinha.
Quando saiam, corria atrás dos carros.
Até onde aguentava.
Nisso, bons quilômetros percorria.
Por fim voltava à casa.
Percebera que a moradia era um bem que não abandonavam.
Mesmo sem, antropomórficamente pensar.
Sabia que o valor do imóvel haveria de ser muito maior.
E este nem se dedicava aos deuses como ela o fazia.
Ao contrário.
Seus donos que se dedicavam à casa.
E ainda o negavam de abandoná-la.
Compreendeu, à sua maneira, o amor novamente.
Inmútuo.
Numa dessa voltas, findou-se no asfalto.
Como mancha tambem.
O destino das irmãs, talvez.
Dedicar-se para em fim morrer na rua.
Mas desta vez.
Em frente à casa.
Que ria desta.
De seu esforço em apegar e dedicar-se à humanos.
Humanos que a casa cativara muito mais, sem nada fazer.
Apenas ser.
Algo que o a malhadinha deixava de fazer

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Enquanto isso

Escondido como as horas
Palavras deixadas para ao acaso
Ao ódio presente no dia
Manhãs incendiosas
Tardes insurdecedoras
Dias esfumaceados em lodo urbano
Veias latejantes de egoismos e intolerâncias
Mal dizer o relógio, só apressa a angustia
O entardecer relaxa
A cor do céu reluz sobre os homens
E pensar que esqueci o que era domingo
Sentia apenas a brisa de sábado com gosto de segunda
O sono que tardia em findar-se
O ócio que amplia-se nestes minutos
A lembrança maltrata o que o coração tenta esquecer
A ausencia torna-se evidente
A solidão, aliada
O esquizofrênico é são e o sociavel lamenta
Como não lamentar
Quando a sua caneta deixa de funcionar.
Não há voz que seja escutada
O medo oculta suas laringes
A comunicação é mera memória da vida que não há
Beijos à minhas palavras
Pois o sono à de buscar-me
e hesitar seria muito desejo de inspirar-se.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

rEVOLUÇÂO de quem?

Um Jovem caminhava pelas ruas estreitas da velha cidade.
Buscava a esmo o que de longe persegue, a cura de sua fome.
Fome pela vida que tantos comentam.
A indústria ficava próxima, tinha certeza.
Tinha muitas certezas, sem muita intuição urbana.
No campo sabia, apenas por saber, quando a seca ou a chuva se aproximava.
Aprendera a saber com os antigos.
Viera à cidade aprender a ter o que tão se anunciava.
O Conhecimento.
A Era das Luzes o cercava.
A Curiosidade o atiçava.
E a vida rural, muito o impedia e limitava.
Fora.
À chegar tudo era de impressionar.
Das edificações aos transeuntes.
Das rochas aos homens.
Do sol à neblina moderna.
Buscava o endereço lhe recomendado.
Estariam por dar-lhe a oportunidade.
Faria de seu tempo e braço mais riqueza que seu campo lhe trouxera à gerações.
Continuava a vagar.
Perdidos nos caminhos nomeados.
Decidiu por questionar quem passava.
Um senhor de óculos e vários papéis lhe dera atenção, sem descuidar os olhos dos seus trajes sujos.
- Sim, conheço. Ande três quadras e vire a esquerda. Sem Erro.
Agradeceu e seguiu.
Fez de seu percursso exato e parou diante de uma placa.
RUA SEM SAÍDA.
Estranhou e voltou ao local do homem de óculos.
Este sumira, parecia apressado mesmo.
Encontrara outro.
Agachado, olhando o chão.
Aproximou-se e questionou sobre o que fazia.
- Estou a observar a vida. Veja como sabem por onde ir essas formigas.
Vira muitas formigas.
Todas sabiam por onde ir e voltar.
Menos ele.
Questionou o local.
Sem olhá-lo, fora respondido.
- Siga essa rua até o fim, há de encontrar. Muitos homens estão a ir para la. Siga-os.
Agradeceu e fora caminhando enquanto o homem permanecia abaixado, como se nunca fora questionado.
Permaneceu no percurso.
O Sol quase surgia.
Logo viu muitos homens.
Caminhou para o mesmo sentido destes.
Perguntava a eles se iam para tal local.
Sem Respostas.
Apenas olhares.
De estranhamento ou repulsa.
Persistiu em segui-los.
As vezes questionava a um ou outro.
Mesma reação.
Vira um senhor numa calçada próxima.
Fora pedir-lhe mais informações.
- São estrangeiros. Não falam nosso idioma. Trabalham muito por muito pouco. Não falam. Se falam, não são ouvidos ou entendidos. Melhor assim. Não querem que sejam entendidos, Apenas que trabalhem. Mas você nao vai para o mesmo lugar que eles. Estes seguem para metalurgicas, Você para outro lugar. Encontrar é facil. Siga seu nariz e por fim seus olhos. Estes revelarão a ti sua busca.
Sem muito entender.
Agradeceu e seguiu a parte que entendeu.
O cheiro era realmente forte e vinha com uma nuvem do lado leste.
Tamanha crescente olfativa, cambaleava as vezes.
Os olhos ardiam e ver tornava-se torturoso.
A visão por fim lhe revelou uma edificação.
À porta fora chamado aos gritos.
Os ouvidos despertavam enquanto o nariz e olhos dormiam.
A boca temia abrir-se e deixar esse mundo entrar-lhe no amargo da lingua.
A fumaça impedia a claridade do som.
Seguiu.
Chegou.
Ouviu.
- Atrasado! Não dormirá esta noite! Vá para a máquina 5!
Perguntou se era a ele mesmo a quem se dirigia.
Confirmado com um puxão para dentro.
- Máquina 5! Vai!
Caminhou na escuridão, opositora ao sol que se levantava do lado de fora.
Janelas eram elogios.
Aberturas permitiam o luar da noite anterior entrar.
Criaturas intercalavam-se entre as máquinas.
Homens?
Questionavam-se sobre isso.
Pequenas criaturinhas auxiliavam-os.
Alguns tinham calças
Outros saias.
Mesma cor.
Mesmo rosto.
Falavam menos que os estrangeiros.
Sorriam menos que o homem da porta.
A máquina 5 estava à sua espera.
Sorriu para ele e acariciou sua cara com o sangue do braço triturado de um operador.
Ria dele.
Cobiçava seu braço.
Seu corpo.
Sua alma ja lhe pertencia.
Apertava as engrenagens.
Lubrificava as correias com suor e graxa.
Muitos caiam de fome e fraquezas.
Os Arrastavam a um canto com resmungos.
Os Bípedes tinham de compensá-los.
Trabalho.
Mais Trabalho.
Doze horas passaram como quinze existências.
Saiam em fila única.
Não eram obrigados a isso, mas o faziam.
Eram apenas um numa fila.
Seres destroçados pela graxa.
Não mais homens, mulheres e crianças.
Apenas Operários.
Filhotes ou não.
Foram recompensados.
Ganhavam pedaços de pão pela dedicação.
E a promessa de mais dentro de poucas horas.
O rapaz viu que sua calça e camisa transformaram-se.
Era apenas um macacão cinza agora.
Fora seguindo a fila à cidade.
Silêncio.
O Sol caminhava a findar-se.
Sua alma e vontade tambem.
Fugiu.
Resolveu voltar para seu campo.
Olhou em seus bolsos e estes estavam vazios.
A máquina 5 tirou-lhe tudo.
Estava por tragar-lhe se voltasse a vê-la.
Correu.
Com as pernas cansadas dele mesmo.
Passou pelo homem de óculos, do senhor agachado e do ultimo que lhe indicou o cheiro.
Pegou o caminho para o campo.
Limpou a graxa do rosto.
Recuperou seu nome e roupa.
Sua alma manteria-se como se o braço estivesse destroçado pela 5, mas caminhava a uma cicatrização.
Voltava à pobreza.
A pobreza que mais riqueza lhe traria.
Embora a colheita tenha problemas e a mecanização camponesa seja uma competidora complicada.
Sabia, que la era Homem.
Tinha, o que era-lhe necessário.
Embora não possuisse as luzes do homem de óculos, do senhor agachado ou do indicador do cheiro, tinha a profundidade da vida.
Era uma formiga.
Na luz não sabia caminhar, pois para tal, era necessário viver apenas um caminho.
Seja o caminho de 3 quadras e depois virar.
Seja o de seguir os estrangeiros.
Seja o de seguir a fumaça da fábrica.
A exatidão dos números não se encaixava à exatidão dos sonhos.
Ruas sempre poderão ter seu acesso restrito.
A Vida é separada em espécies e não mais estudada em sua união e essência.
O homem de fora distância-se de seu interior, criando uma especiação com comunicação distintas e incompreensíveis.
Tudo resultará da divisão dos sentidos.
Os Olhos.
O Nariz.
O Ouvido.
Unidos no mundo por uma fumaça.
Separados pelo Saber das Luzes.
Especializando homens a cada parte humana e mundana.
Alguns apenas saberão guiar.
Outros olhar a vida como só presente no chão.
Ou em nossa nação.
Ou só naqueles que não usam macacão.
Mesmo, em todos, circulando o tom vermelho-sangue, alguns terão de perdê-lo para que outros achem que os seus seja Azul.
- A servidão feudal camponesa pela industrial burguesa.
Lamentava o rapaz.
Açoitado pela máquina 5 no dia seguinte.
Pois correu.
Correu para a terceira quadra e nela havia a fábrica.
Trazido, para dentro.
Arrastado, para fora e la à ficar.
Jogado, na vala.
Pensando no quão rápido um sonho pode prender-se á máquina e dela tornar-se dependente.
Correu, mas para a maquina 5!
Seu espirito não sabia mais viver sem ela.
Esquecera-se do antes e do sonho.
Restou apenas o macacão cheio de graxa.
Eis a Era das Luzes.
Que agora apagam-se em seu olhar.