sábado, 23 de março de 2013

À Russa

Aqueles morenos cabelos que deslizam em sua face.
Morenos tão perfeitos que nem o são em si.
São castanhos, num tom tão reluzente.
Daqueles que reluzem todos os tons do ambiente.
Seus traço retos,
suaves,
singelos.
Delicados a sua forma.
Ríjos mas ternos.
Conformadores de uma beleza nova.
De uma beleza sua.
Com os esvoaçantes fios rebeldes.
Há rebeldia,
massiva,
em sua forma.
Ressonante como uma grande sinfonia,
ecoam em sua face instrumentos mil;
notas tantas.
Tudo numa perfeita harmonia de um encanto novo.
Um encanto belo.
Segredado a si mesmo.
A delicadeza do nariz conduz como um fio
à jovial boca que tanto mais segredará.
Distinta pela marca inferior,
como demarcando o encontro de traços seus;
os finais da lisa face de corte fino.
A tez singularmente feita pela pluralidade de encantos,
reluz em breves tons amenos,
nas certezas de um olhar que tanto tem a falar,
mas tão pouco vem me dizer.
Um olhar de mistérios.
Dos mais profundos.
Um olhar de sonhos mil,
por mais pragmática que seja a pupila,
a sombrancela suporta em si,
a suavidade da existência em seda.
Da existência sútil.
Na mente pensante,
reluzente no olhar firmemente carinhoso,
muito há de especular,
mas não há espaço aqui,
senão para adular;
senão pra refletir.
Sinceros aromas teus,
percorrem o ar ao seu redor.
Amores como os teus,
não vivem em dó menor.
Mistérios são o que há,
sem dúvida hei de dizer,
em seu jeito de ser;
em seu jeito de olhar.
O desejo é copiá-la;
decifrá-la;
transpassar-lhe os mistérios vís,
e dos enigmas teus,
presentes no brilho dos seus.
Mas imprudente,
e mais ainda,
a morte do meu,
seria se ousasse tal compreensão dos seus.
Uma vez que encantos assim,
servem ao artista que vê;
Servem à dúvida que há.
E que se instaurará a cada novo reencontrar;
A cada novo viver.
A inquietude que tal face dá,
serve a desassossegar;
Serve a desilenciar
um espírito mudo que volta a cantar;
que volta a sentir o sabor do ser.
E que acorda a pensar e que chora ao dormir,
transtornando seu viver com a dúvida sem fim;
O que será de mim?
O que há em ti?

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