quinta-feira, 16 de julho de 2009

Um Bom Filme

Caminhando uma tarde pelas ruas do centro velho e como de costume, observando cada detalhe que podia firmar em minha mente no intervalo dos passos apressados e cuidadosos, afinal o corpo pendia para trás, onde sustentava-se o instrumento, eis que numa esquina, onde a noite funciona um sushi-bar porém, agora, estava quieto e fechado, havia um velho senhor, roupas simples, sentado em uma cadeira posta próxima ao encontro das ruas, e em suas mãos estava um binóculo.
Por este observava a rua que seguia ao centro.
Olhei, olhei e nao via nada fora do comum que exigisse minha atenção, as calçadas estavam vazias, nao haviam carros circulando na via, nada a ser observado. Olhei novamente para ele, e continuava observando. Tentei traçar uma reta de sua direção, pois talvez estivesse vendo um prédio ao fundo das casas, ou alguma mulher escondida por grades e janelas, (afinal, mulher sempre há de ser um assunto em inicio de conversas, curiosamente hei de dizer, já que parece que aquele que vê primeiro um traseiro feminino, o menciona aos outros com certo status de poder, como que se aquela mulher fosse sua, mas concedesse a seus súditos uma breve olhada de cobiça sobre sua tão estimada fortuna.) mas nada novamente, a reta de observação me levou a uma casa no meio do próximo quarteirão, e de tal ângulo não se podia ver nada além de sua fachada.
Haveria de estar observando mini-raxaduras.
Este, talvez, "pedreiro/engenheiro/arquiteto aposentado"? Não, com certeza não seria isso. Não fazia sentido, simplesmente não fazia.
Talvez esperasse alguem sair, poderia até ser se, não tivesse começado a rir enquanto eu ainda olhava a paisagem imutável.
Olhei-lhe e este realmente nem se dava por minha presenca de 1,90 m, realmente nada existia senão sua vista proporcionada pelo objeto em suas mãos. Seu sorriso era doce, seu rosto se dobrava inteiro e o som era como de uma crianca que alegrava-se com a chuva, com as nuvens, com o mais simples e verdadeiro presente.
Eu, alternava o olhar para ele e sua paisagem alegre e nada via, senão o rosto que alegrava-se e não era de deboche de seu novo e "intrigado parceiro", sorria sincero como que vendo um bom filme, e creio que foste isso! Um Bom Filme! Que haveria de estar gravado sob as lentes do tempo, sob as lágrimas dos olhos, sob o sorriso das experiências, sob as vivências de amor. Aqueles olhos eram testemunhas inigualáveis do mundo, gigas e gigas de vídeos inimagináveis, agora então, expandidos por óptica moderna. A casa não mudava, mas o ser mudou! O Ser muda a todo instante! O que via? Talvez, sua infância brincando naquela calçada com irmãos e primos? Talvez, o primeiro beijo na bela vizinha que mudou-se para longe e levou seu coração e sonhos? Talvez, as primeiras lágrimas da ausência de um pai, uma mãe, um parente querido. Talvez do mundo que imaginava ou do tempo que tinha pela frente... e que ainda tem pela frente!.....pela frente dos binóculos. O Sorriso continuava, assim como minha curiosidade, a qual não deveria interromper o primeiro, até porque sei que se pedisse o objeto mágico, so veria a mesma parede, talvez mini-rachaduras, pois meus olhos ainda não saborearam a maturidade do tempo para ver pelas lentes a verdadeira alegria da vida.

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