domingo, 26 de agosto de 2012

Dos desvios e da material solidão

A volta, o retorno, tudo é vão.
Não parece.
Os anseios nos imputam a tentar sempre.
Em repetidas vezes.
Em repetidas maneiras.
Nada mais há de ser.
A casa, embora nunca tenha sido A casa, já não é.
As pessoas, ah as pessoas,
Aquelas que foram,
que estavam,
não mais estão,
pois não mais são.
Ainda podem existir.
Ainda podem estar perto.
Podem pertencer ao mesmo ciclo.
Mas já não são.
Tudo que já fora desencantou-se.
Desencantaram-se as formas e os seres.
Os grupos não deixaram de sê-lo,
apenas descaracterizaram-se de como eram.
Ou pior,
De como ensinaram que haveria de ser.
A teoria refuta.
A materialidade esvazia-a.
Tentar-se-a novamente.
Sei que se há de tentar.
Os cômodos os separam,
assim como as idéias,
planos, caminhos, gostos,
até o jeito de falar.
A comida, o ar e a roupa podem ser partilhados,
mas os espíritos nunca mais se tocaram.
Minha essência tornou-se minha.
E reside tanta tristeza em sê-la.
Minh'alma era de tantos,
e agora encolhe-se em mim.
Dos familiares restam acasos.
Nem por contatos rasteiros se anseia.
Não ouso levantar a vista e tocar aos olhos.
Pedaço de minh'alma estas longe.
Troco-lhe palavras constantemente,
mas estas longe.
A materialidade sempre vence.
A palavra brota desta.
Não se pode ignora-la.
Não se pode deixar as palavras,
discursivas em sua natureza social,
vencerem-nos e nos imputarem à distância.
Objetivo difícil,
uma vez que são fortes para nos separar e neste ato,
fazem por criar-nos em sonhos esparsos,
desiguais e diferentes,
e neles,
finalmente nos separar.
Se família ruiu, o que resta das outras partilhas
que moralidade alguma,
por mais enfraquecida qu'esta seja,
nos condiciona a nunca negar?
O vazio se aprofunda quando o fez a poucos.
E neste poucos muito se fez.
E deixam-nos à margem do próprio eu.
E somem indiferentes.
E levam tanto com eles.
Até as palavras que poderia usar pra terminar tal sensação.

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