sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Fruto de seus destratos


Sinto.
Sentir no singular primário é perfeito.
Não por se perfazer, mas por fechar-se.
Fechar-me.
Sinto por lamentar.
Homo sum.
Minha compreensão.
Meu abstrair.
Potencias minhas limitadas.
Lamento isso também.
Mas lamento ainda mais lamentar.
Eu tento, juro que tento e complemento que bem sucedi-me momentos alguns.
Homini sum.
Manter-se é forçar-se.
Forçar-me
transgredir a lógica do mundo,
que não mantem-se.
Muda-se a todo instante.
Manecere non potento.
Pesa-me um exercício deveras rígido manter-me assim.
Não aguento.
Não suporto.
Dedico-lhe e foges-me então.
Torno-me um vício a mais.
Cobra-me um jogo.
Deixo de fluir.
Si sum non portas.
Igitur paro ad non sum.
Ainsi, Je mors.

Sinto.
Um cansaço enorme.
O tártaro quer enraizar-se.
Quero não jogar.
Quis bellae non pauperem hominis facit?
Não só quero paz em ser,
Mas quero que me seja.
Se importe deveras semelhante como lhe sou.
Soa moralmente incorreto dizer isto.
E o que me resta?
Canso de não ser?
Canso de jogar acima de tudo.
Canso das quem tu és.
Sou em seus sonhos e deveres éticos-familiares.
Nunca posso ser no seu mundo social.
A desconheço e infelizmente isso me importa.
Temo e sinto que temes também que a conheça.
Teme decepcionar-me?
Eu temo.
Já decepciona-me.
Seja por excluir-me do seu material-ser,
Seja por incluir-me nele a posteriori pela ideia seletiva e legitimamente legalizada emanada em seus mansos discursos.
Lhe odeio.
Sinto muito por sentir isso.
Mas lhe odeio intensamente por jogar-me e comigo assim tratar.
Odeio o descuido que me dá quando não precisa de mim.
O que me tens.
Sirvo à mimá-la.
Sinto servir apenas à preencher vazios de possibilidades.
Sinto desgastar-me nisso.
Sinto cansaço até de escrever sobre;.
Lamento de novo.
Por tudo que foi, é e sou.
Sinto por concluir assim,
mas senti demais ao fazê-lo.
Sinto importar-me e/ou import(un)ar-lhe tanto.

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