sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Sobre a Saudades

Sem você o dia é estranho.
Não sei ao certo no que.
Em tudo.
Embora a saudade empolgue as coisas.
Ainda mais se há a ideia de revê-la.
Um plano já firmado de contatá-la.
D'estar contigo.
O lembrar te coloca em tudo que me cerca.
No que me toca.
Mas como é mero lembrar,
o toque do mundo me deixa insípido.
Vejo cores, é claro,
mas o gosto só é imensamente vivido com você.
É saboroso saber que,
embora separados, estamos construindo algo juntos.
Tu lá, eu cá, vivendo nossas coisas para então,
partilharmos unidos.
União que anseio desde o momento que,
no encontro, seu que este findará.
Despedir-me é longo e trabalhoso por isso.
A espera não é tão ruim porque me permite,
com devido cuidado, degustar cada detalhe de todos os momentos intensamente vividos ao seu lado.
Dois dias, ou partes deles, contigo,
dá-me o dobro de saboreio em ti.
Nas quintas se lamenta, mas hoje é quarta e a vi na segunda.
Às sextas resta o anseio de revê-la em breve.
A inquietude que preenche a alma d'um apaixonado,
não só pela jovem apaixonante,
mas por todos instantes com ela.
Apaixonado por memórias e carícias,
proferidas à esta que tanto se retoma na primeira.
Minha pequena de todas as nacionalidades e idiomas.
Carregada de diminutivos que jamais suplantam sua grandeza.
Que a vida me preenche e capacita de tons o mundo.
Dos sonhos mais belos não sonhados
tu me surges para dar-me outros mais.
Saiba que na saudades qu'esta distância nos impõe,
meus pensamentos carregam você em cada gesto e movimentos meus.
As tristezas só hão de surgir quando tomo a consciência disto e
de relance, me pego sendo você,
ou ainda mais, tendo-a nos detalhes do meu ser.
Então seu rosto toma forma e é impossível (não consigo)
não vê-la em mim,
no mundo,
em tudo.
Não deixas de estar presente,
de dar forma ao meu viver.
Não há como não procurá-la próxima,
seja ao sentir seu aroma em meus dedos,
ver seus olhos ao piscar, ou,
sentir seus abraços ao sentar-me brevemente, como agora.
Na personificação de tua ausência,
me vejo sendo nós, e a saudades torna-se a mera vontade de ser-me mais tu.
Tê-la tanto mais a ponto d'eu não mais ser e quem saiba um dia,
ao acordar, eu olhe o céu, e veja que não mais sou senão ti.
E a saudades termine e me deixe,
para nunca mais voltar.

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