sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Taciturno

Diz-se tanto.
Mesmo sem muito dizer.
Mas fala-se.
Ouvir é outra história,
mas o falar.
É tanto falar.
Que há de esgarçar,
espremer todo o sulco d'alma humana.
Pouco nos resta senão a vastidão
do vazio.
Tenta-se preencher nos intervalos das socializações,
inevitáveis ou não.
Até perceber-se que só estará só no dormir.
E ainda há de enganar-se e recriar as pessoas e conversas no sonho.
Pouco resta À ser.
O discurso ganha materialidade em si.
Passa à existir por si próprio
e ao ser não resta tempo.
Nem para tentar.
Ah, falar alivia a alma, disse Sigmund,
mas o que há de ser d'um'alma toda aliviada?
Integralmente transmutada aos outros que,
diversas vezes, ignoram num ouvir ausente.
Não evito pensar que a era da informação
talvez fora atrasada, ou adiada,
propositalmente para dar existência ao homem,
que em si, só vai te-la com, e n', ela.
Mas no fim, apenas sei de meus receios.
E o maior deles é que pessoas viciam.

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